A China é o principal parceiro comercial do Brasil, tendo sido o destino de 31,28% das exportações brasileiras em 2021, o que equivale a US$ 87,6 bilhões (R$ 406 bilhões). Além disso, 21,72% das importações brasileiras no mesmo período vieram do gigante asiático, segundo o UOL.
Portanto, a política de covid zero adotada por Pequim que decretou um severo lockdown no país asiático impacta diretamente o comércio entre as duas nações, principalmente quando as mercadorias vêm através de transporte marítimo.
Exportadores têm sofrido com novos aumentos nos fretes e dificuldade para escoar os produtos na rota Brasil-Ásia, de acordo com o jornal Valor Econômico, especialmente aqueles que dependem de contêineres refrigerados, como a indústria de carne. Na importação, há atrasos e cancelamentos de viagens, o que deverá repercutir nos preços nos próximos meses.
Na rota da Ásia, a principal do mercado brasileiro, os preços, que já estavam em um patamar elevado, subiram mais desde março. Neste mês, o valor chegou a US$ 6,800 (R$ 31,700) por contêiner refrigerado de 40 pés, no mercado de curto prazo.
Já na comparação anual, a alta foi de 58%, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) citados pela mídia. Para contêineres regulares de 20 pés, o valor do frete chegou a US$ 2.400 (R$ 12,500) em abril, um crescimento anual de 50%.
Na importação, os fretes ainda não foram afetados, mas a expectativa é que os preços, que vinham em queda, voltem a subir. Neste mês, o valor está em US$ 5,300 (R$ 11,200) por contêiner de 20 pés. Trata-se de nível ainda alto para a série histórica, mas abaixo dos picos dos últimos meses.
"Os gargalos tendem a aparecer e o frete tende a subir assim que o 'lockdown' acabar, porque haverá uma demanda reprimida a ser escoada. Além disso, a temporada alta já começa em junho, julho, quando a demanda sazonalmente aumenta", diz Leandro Barreto, sócio da consultoria Solve Shipping.
A situação é mais grave para a exportação, em razão do congestionamento nos portos chineses, sobretudo no de Xangai, que concentra os principais terminais de contêineres do mundo.
Sem espaço de armazenamento e sem tomadas disponíveis para os contêineres, algumas empresas de navegação interromperam os pedidos de cargas refrigeradas ou têm desviado os navios para outros portos chineses, os quais, por sua vez, também começam a ficar lotados.
Contêineres no porto de águas profundas de Yangshan, parte da Zona Franca de Xangai.
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Os analistas destacam que, para além das restrições na China, a operação militar especial russa na Ucrânia é outro fator a afetar custos.