Vários ativistas e jornalistas questionaram a decisão de quarta-feira (20) de uma corte de Londres de extraditar o denunciante Julian Assange, do grupo WikiLeaks, para os Estados Unidos.
"A decisão da Corte dos Magistrados de Westminster me espanta. Eu esperava que o Reino Unido considerasse os direitos humanos fundamentais e tratados de direitos humanos que assinou, particularmente os direitos civis e políticos que ratificou. Penso que ainda há meios legais abertos para continuar combatendo este julgamento", comentou Andy Vermaut, ativista de direitos humanos da Aliança Internacional para a Defesa de Direitos e Liberdades, que duvida que Assange possa ter um processo justo.
"Eu considero Julian Assange um jornalista, e acredito que um jornalista que fez seu trabalho de boa consciência, informando pessoas o mais que pode sobre os horrores cometidos pelos EUA no Afeganistão e Iraque, deve ser honrado com um monumento e tratado como VIP por sua bravura e energia. Nós observamos o Dia da Liberdade de Imprensa no início de maio. Eu acredito que também devemos incluir Julian Assange, que deu sua vida para nos deixar mais próximos da verdade", continuou.
Os EUA estão agindo "tanto como juiz como uma parte", adverte Vermaut, com Taylor Hudak, jornalista e editor do portal acTVism Munich, apontando este caso como preocupante para o futuro da mídia livre, devido à possibilidade de fazer os jornalistas se autocensurarem no que toca a informações desfavoráveis aos EUA.
Stuart Rees, ativista de direitos humanos e autor, também criticou a ação da corte britânica.
"Esta decisão da corte de magistrados sobre a extradição de Julian Assange é outra peça de crueldade monstruosa pelo chamado sistema de justiça britânico. Ninguém deve confiar no governo ou cortes dos EUA sem questionar. Um país tão fascinado com prisões, com punição, e no caso de Julian, este jornalista significante e cidadão internacional, deve ignorar o Estado de direito", disse Rees, que também é professor, e diretor da Fundação da Paz de Sidney.
Além disso, avisou o acadêmico, políticos dos EUA "já disseram que querem Assange morto". A "hipocrisia" de governos dos EUA, Reino Unido e Austrália "dizerem que acreditam em direitos humanos, jogo limpo e justiça" acaba, assim, "servindo principalmente políticas imperialistas e compadrio entre Estados".
"A questão da ordem de extradição é praticamente a sentença de morte ao jornalismo independente e a proteção jornalística global. Julian Assange não é simplesmente um jornalista que não devia ter sido preso, ele também exemplifica a deterioração das normas de liberdade de imprensa ocidentais no Reino Unido", assinalou Stuart Rees.
Apesar isso, "ainda há esperança", segundo Hudak, referindo que "a ordem para a extradição será enviada a Priti Patel, secretária de Estado para os Assuntos Internos do Reino Unido, e assim que ela fizer sua decisão, Assange pode apelar novamente".