Panorama internacional

Risco de guerra nuclear é real e não pode ser subestimado, diz Lavrov

O chanceler russo, Sergei Lavrov, alertou nesta segunda-feira (25) que o risco de guerra nuclear é real e não pode ser subestimado. O chefe da diplomacia russa também criticou o incentivo à russofobia por parte de lideranças internacionais e a expansão da OTAN em direção à China.
Sputnik
Em entrevista à emissora russa canal de TV Pervy, Lavrov disse que a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) serve para ampliar o poder dos Estados Unidos.

"Quando eles [OTAN] aceitaram Montenegro, Macedônia do Norte e Albânia, como podem fortalecer a segurança da aliança militar ocidental se essa é uma aliança defensiva? Isso mostra que a OTAN não busca objetivos estatutários, mas a criação de território sob comando dos EUA, em linha com a tentativa de perpetuar o mesmo mundo unipolar", afirmou o chanceler.

Lavrov também afirmou que o Kremlin acredita que as posições da Ucrânia são decididas pelas lideranças ocidentais.

"Assim como antes, muitos de nós estamos convencidos de que a posição real da Ucrânia é determinada em Washington, Londres e outras capitais do Ocidente. Portanto, dizem nossos cientistas políticos, por que falar com o gabinete de [Vladimir] Zelensky? É preciso falar com os norte-americanos e é necessário negociar com eles, chegar a um acordo com eles. Porém nós continuamos negociando com a equipe de Zelensky, e esses contatos continuarão", acrescentou o diplomata.

Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores russo, participa de reunião diplomática em Moscou, Rússia, em 4 de abril de 2022.

Risco de conflito nuclear é estimulado de forma artificial

O risco de guerra nuclear é muito significativo e esse perigo não pode ser subestimado enquanto há um esforço de muitos para estimular essa ameaça de forma artificial, disse Lavrov. O chanceler acrescentou que as cinco potências nucleares reafirmaram em janeiro a posição de que a guerra nuclear é inadmissível.

"Essa é nossa posição por princípios, nós partimos daí. [...] Gostaria muito que esses riscos não fossem artificialmente inflados, e há muitos que querem. O risco é sério, é real, e não pode ser subestimado", disse o chanceler russo.

EUA buscam levar OTAN para o mar do Sul da China

O chanceler russo, Sergei Lavrov, também teceu comentários sobre as tensões no sudeste asiático. Segundo ele, os EUA planejam levar a OTAN até a região para conter a China.
"Eles [os países ocidentais] deixam claro que não podemos decidir o que é necessário para a nossa segurança. Eles também vão levar a linha de defesa de sua 'aliança defensiva' para o mar do Sul da China", afirmou.
Primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, o premiê britânico, Boris Johnson, e o presidente americano, Joe Biden, discutem iniciativa AUKUS (pacto militar entre os países dos representantes, Austrália, Reino Unido e EUA) em videoconferência na Casa Branca, Washington, 15 de setembro de 2021.
Lavrov criticou a postura da OTAN e afirmou que a aliança acredita que tem o direito de fazer o que bem entende ao redor do planeta. Segundo ele, essa visão está expressa na recente criação do AUKUS, a aliança entre Austrália, Reino Unido e EUA.

"Os EUA decidem de forma espontânea que algum lugar a dez mil quilômetros de distância é uma ameaça aos seus interesses — seja na Iugoslávia, Iraque ou outros lugares no Oriente Médio —, enviam tropas, bombardeiam infraestrutura civil sem pensar duas vezes, sem problemas legais, sem checar a lei internacional e a Carta da ONU, como fizeram em Belgrado quando explodiram pontes, trens de passageiros e uma emissora de TV", afirmou Lavrov.

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