A Alemanha está sofrendo uma alta nos preços alimentares, com as taxas de inflação anuais aumentando rapidamente nas últimas semanas, incluindo em dois dígitos para certos produtos.
Os preços da comida subiram mais de 6% em março, sendo que no caso de vegetais frescos a marca atinge 14% e no óleo vegetal 17%, reportou no sábado (30) o jornal Handelsblatt.
O índice do clima dos consumidores, usado pela empresa de analítica de dados GfK, deverá cair para 26,5 pontos em maio, o mais baixo valor de sempre desde que há registros, inferior até ao anterior mínimo na primeira metade de 2020, no auge da crise econômica da COVID-19. Além disso, a GfK diz que 85% dos consumidores espera a continuação do "boom" inflacionário, em comparação com os 77% antes do começo da operação militar especial russa na Ucrânia.
A alta dos preços e a correspondente incerteza dos consumidores está causando uma queda nas vendas e consequente perda de receita para os produtores e vendedores. Como exemplo, na terça-feira (26) o gigante de carne alemão Grupo Tonnies relatou uma queda de quase € 1 bilhão (R$ 5,24 bilhões) em vendas em resultado dos níveis da inflação.
Chehab Wahby, parceiro da empresa de consultoria global EY-Parthenon, adverte que os preços deverão continuar subindo e atingindo principalmente as pessoas de renda baixa. Ao mesmo tempo, lojas especializadas menores, como açougueiros, também sofrerão com a incapacidade de manter os preços baixos, devido à falta de economia de escala, o que causará um correspondente aumento na cota de mercado e monopolização por cadeias de supermercados como Aldi e Lidl.
O Escritório Estatístico Federal da Alemanha indicou na quinta-feira (28) que espera que a inflação tenha atingido 7,4% em abril, mais 0,8% que em março, e uma variação anual de 7,8%. A última vez que a inflação na República Federal da Alemanha superou os 7% foi em 1972.
Vários fatores têm sido apontados como causa dos níveis da inflação desde 2021, incluindo os estímulos econômicos durante os lockdowns da COVID-19 e a recuperação da demanda econômica mais rápida que a resolução da crise na cadeia de abastecimento.
Moscou começou uma operação militar especial na Ucrânia em 24 de fevereiro, e os preços alimentares subiram em meio à redução no fornecimento de alimentos e fertilizantes do território ucraniano, mas outro grande fator foram as sanções impostas por países ocidentais à Rússia, que reduziram fortemente os níveis do comércio mundial. O país, tal como a Ucrânia, é um grande produtor de trigo, milho e cevada.