No entanto, talvez agora, com o desenvolvimento explosivo da capacidade da humanidade para influenciar o planeta em larga escala, o risco de uma catástrofe global está aumentando mais do que nunca.
O Escritório da Nações Unidas para Redução de Riscos de Desastres (UNDRR, na sigla em inglês) afirma que a percepção errônea do risco da humanidade levou a uma "espiral de autodestruição", de forma a que, até 2030, possamos ser afetados diariamente com desastres.
De acordo com o novo Relatório de Avaliação Global, o destino que a humanidade está a caminho de enfrentar é o resultado de percepções de risco errôneas causadas por um trio de erros de raciocínio: otimismo, subestimação e invencibilidade.
A agência da ONU observou que, apesar das promessas dos líderes mundiais de aumentar a resiliência, combater as alterações climáticas e promover caminhos de desenvolvimento sustentável, "as atuais escolhas políticas, econômicas e sociais estão fazendo o oposto". Isso coloca em risco o progresso em direção ao Acordo de Paris e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), delineados no plano de ação Transformando o Nosso Mundo: Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, em perigo.
"Para mudar o rumo são necessárias novas abordagens", aponta o relatório. "Isso exigirá transformações no que os sistemas de governação valorizam e em como o risco sistêmico é compreendido e abordado. Fazer mais do mesmo não será suficiente."
Assim, em um cenário de risco incerto, os sistemas globais se tornam cada vez mais integrados e, por conseguinte, mais vulneráveis.
"Riscos locais, como o novo vírus em Wuhan, na China, podem se tornar globais, riscos globais como a mudança climática estão tendo grandes impactos em todos os locais. Impactos indiretos em cascata podem ser significativos", lê-se no documento.
Terremotos, tsunamis e erupções vulcânicas estão entre os desastres que potencialmente aguardam a humanidade, tal como desastres climáticos e meteorológicos, bem como focos de riscos biológicos, como pragas e epidemias, de acordo com o relatório.
Os autores do documento observam que durante as últimas duas décadas a cada ano têm ocorrido entre 350 a 500 desastres de média a grande escala. Em 2030, estima-se que essa taxa suba para 560 desastres a cada ano, ou cerca de 1,5 por dia.