"Isso tende a encarecer não só esses produtos, como milho e trigo, mas também a produção da carne e, certamente, o encarecimento dos bens alimentícios tem impacto sobre a fome", diz o pesquisador em entrevista à Sputnik Brasil.
"Esse cenário é muito preocupante porque a gente já vem de pelo menos um ano de inflação alta em um momento em que a taxa de desemprego é muito alta e a atividade econômica é baixa. Isso dificulta muito negociações de reposição de perdas salariais. A gente teve um declínio acentuado do rendimento médio do trabalho e isso significou uma perda de renda significativa para as famílias brasileiras", avalia o pesquisador em entrevista à Sputnik Brasil.
Possíveis medidas emergenciais
"Nesse caso, seria possível fazer um controle emergencial dos preços da Petrobras, haja vista que a empresa teria margem para acomodar uma queda dos preços, dado que os lucros da companhia têm crescido fortemente", explica Ribeiro.
'Pior dos mundos': economia travada dificulta combate à fome
"A gente tem o consumo das famílias estagnado, o investimento das firmas também estagnado em função das incertezas decorrentes do cenário da economia brasileira. Os gastos do governo também estão estagnados, principalmente por causa das amarras fiscais. A única fonte possível de crescimento seriam as exportações", afirma Ribeiro, acrescentando que essa solução é travada pelo "forte grau de incerteza no comércio internacional" devido à crise ucraniana e aos lockdowns na China.
"Há uma conjuntura marcada pela inflação alta, acompanhada de um nível de atividade econômica muito baixa e alto desemprego. É o pior dos mundos", afirma.