Taiwan tem estado observando o conflito na Ucrânia e extraindo lições no caso de uma semelhante operação pela China, revelou no domingo (1º) Joseph Wu, ministro das Relações Exteriores do território autogovernado, à emissora CNN.
Na opinião de Wu, o governo chinês deve estar calculando como os EUA e outros países reagiriam se conduzir uma incursão militar. Se Taipé não receber qualquer apoio, Pequim interpretará isso como "uma luz verde para a agressão". No entanto, o governo de Taiwan também está tentando aprender com os eventos na Ucrânia.
"[...] Nós tentamos ver o que podemos aprender da Ucrânia para nos defender", disse o chanceler taiwanês, e citou dois fatores que poderiam ajudar a ilha a se defender de um ataque.
A primeira é a "capacidade assimétrica", com o representante citando os combatentes ucranianos usando pequenas armas pessoais contra "um grande inimigo". Segundo Joseph Wu, Taiwan já tem treinado essa questão, mas ainda precisa fazer mais investimento nesse sentido.
Para ele, a segunda área de importância é a defesa civil, em que todos os homens ucranianos "querem servir no Exército" e "ir para as zonas de guerra".
"[...] Esse tipo de espírito é de invejar pelo povo taiwanês", sublinhou o ministro, e acrescentou que os moradores locais "estão mais determinados para nos defender do que alguma vez antes".
Pequim considera Taiwan uma parte inalienável de seu território, e reitera que está destinado um dia a se reunificar com a China. O governo chinês cita também a política de Uma Só China adotada pela ONU ainda em 1971, que reconhece a República Popular da China como único representante, o que acabou sendo reconhecido também pelos EUA.
As autoridades chinesas rejeitam assim os paralelos de Taiwan com a Ucrânia, que dizem minar a soberania nacional e a integridade territorial chinesa.
Apesar do reconhecimento formal de Washington, os EUA têm relações não oficiais, incluindo militares, com Taipé, sob o Ato das Relações de Taiwan de 1979, e usam o conceito de ambiguidade estratégica para manter relações simultâneas com os dois territórios.