Conhecido pela imprensa internacional como Wali, o franco-atirador canadense retornou da Ucrânia para Quebec nos últimos dias e concedeu, na sexta-feira (6), uma entrevista para o portal La Presse.
Ele reportou à mídia local que sua experiência foi uma "terrível decepção", alegando que havia armamento inadequado, treinamento ruim e grandes perdas, bem como roubo de armas e deserção nas fileiras.
Wali disse que seus comandantes ucranianos inicialmente "não sabiam o que fazer" com combatentes estrangeiros experientes como ele.
Cansado de esperar por uma oportunidade para lutar, ele se juntou à "Brigada Normanda", uma unidade privada liderada por outro ex-soldado de Quebec em atuação na Ucrânia.
Segundo ele, armas e coletes prometidos nunca apareceram, e alguns "mercenários" foram enviados para perto da linha de frente sem equipamentos de proteção.
Ele ainda afirmou que alguns mercenários mais frustrados com a estratégia ucraniana "planejaram" roubar um carregamento de US$ 500 mil (R$ 2,5 milhões) de armas fornecidas pelos americanos e formar a sua própria unidade.
Wali, que eventualmente se juntou a uma unidade ucraniana lutando perto de Kiev, descreveu que foi preciso procurar armas, comida e gasolina.
"Você tinha que conhecer alguém, que conhecesse alguém, que te dissesse que, em alguma barbearia antiga, eles te dariam um AK-47", contou.
Wali disse que decidiu voltar para casa logo depois que dois recrutas ucranianos, com os quais ele foi destacado para a região de Donbass, se expuseram a um tanque russo, sendo atingidos logo em seguida.
De acordo com a La Presse, alguns estrangeiros com experiência militar relevante estão sendo usados em operações "especiais" atrás das linhas russas. Outros, menos experientes, "pulam de um Airbnb para outro" enquanto esperam ser recrutados por uma unidade que os levará para a frente, diz Wali.
A maioria, no entanto, decidiu ir para casa, diz a publicação. "Muitos chegam à Ucrânia com o peito estufado, mas saem com o rabo entre as pernas", confirmou Wali.
Por meio de diversos pronunciamentos nos últimos meses, Moscou lembrou a esses estrangeiros que, como mercenários, eles não têm o status de combatentes sob o direito internacional.