Marise Payne, ministra das Relações Exteriores australiana, se encontrou na sexta-feira (6) em Brisbane, Austrália, com Jeremiah Manele, seu homólogo das Ilhas Salomão, no que foi o primeiro contato de alto nível entre os dois vizinhos do oceano Pacífico desde a assinatura em abril do pacto de segurança entre a China e as Ilhas Salomão.
"A Austrália tem sido consistente e clara ao afirmar nosso respeito pela tomada de decisões soberanas das Ilhas Salomão. No entanto, reiteramos nossas profundas preocupações com o acordo de segurança com a China, incluindo a falta de transparência", disse Payne em uma declaração, citada pela emissora Sky News.
"Reforcei novamente isto em minha reunião desta noite", acrescentou a declaração da premiê australiana.
Payne notou ainda que ambos os lados concordaram que Camberra ainda continua sendo o "parceiro de segurança escolhido por Honiara", apesar dos laços robustecidos entre as Ilhas Salomão e a China desde que a primeira passou a reconhecer em 2019 Pequim em vez de Taipé como representante chinês legítimo, e também a assinatura de um pacto sino-salomónico.
Canberra tem levantado "sérias preocupações" sobre o acordo, incluindo a "falta de transparência" e a possibilidade da construção de uma base militar chinesa no local, que constituiria uma "linha vermelha" tanto para Camberra quanto para Washington, segundo Scott Morrison, primeiro-ministro da Austrália.
As Ilhas Salomão negam as especulações sobre uma futura base chinesa, com o premiê Manasseh Sogavare declarando que seu país estava sendo "ameaçado com uma invasão", enquanto Pequim também criticou tanto a Austrália quanto os EUA por terem "padrões duplos".
"Os EUA não mostraram abertura e transparência quando conduziram testes nucleares e despejaram resíduos nucleares na região do Sul do Pacífico, e quando o AUKUS [acordo de segurança trilateral entre a Austrália, EUA e Reino Unido] abriu a Caixa de Pandora da proliferação nuclear na região Ásia-Pacífico", sublinhou Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, durante um briefing de imprensa rotineiro em abril.