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Pela 1ª vez na história, Irlanda do Norte terá líder nacionalista

Após uma vitória eleitoral histórica, Sinn Fein convocou debate sobre a reunificação irlandesa.
Sputnik
A líder do movimento político Sinn Fein na Irlanda do Norte, Michelle O'Neill, pediu um "debate honesto" sobre a reunificação irlandesa, depois que seu partido emergiu das eleições como o maior partido da Irlanda do Norte pela primeira vez na história do território governado pelos britânicos.
O Sinn Fein garantiu o maior número de assentos nas eleições da Assembleia da Irlanda do Norte no fim de semana, emergindo com 27 cadeiras contra as 25 do Partido Unionista Democrático (DUP, na sigla em inglês) e oito do Partido Social Democrata e Trabalhista (SDLP, na sigla em inglês), um partido nacionalista menor.
O resultado é o melhor desempenho do Sinn Fein nos 100 anos de história da Irlanda do Norte e marca a primeira vez que um partido nacionalista irlandês se tornou o maior na assembleia do território.

"O dia de hoje representa um momento muito significativo de mudança. É um momento de definição em nossa política e para nosso povo", disse O'Neill neste domingo (8). A líder nacionalista acrescentou que agora deve haver um "debate franco" sobre a unificação da Irlanda do Norte com a República da Irlanda ao sul, um princípio central da plataforma do Sinn Fein.

No entanto, a tarefa não é fácil. Leis de compartilhamento de poder foram promulgadas na Irlanda do Norte após o Acordo da Sexta-feira Santa, exigindo que os dois maiores partidos na assembleia, de 90 assentos, formassem um governo de unidade. O DUP – que representa a população protestante do território e se opõe fortemente à unificação – provavelmente não concordaria em realizar uma pesquisa sobre o assunto.
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Além disso, a chamada pesquisa sobre a fronteira só poderia ser convocada quando a maioria da população da Irlanda do Norte manifestasse vontade de se juntar à República. Embora o Sinn Fein seja agora o maior partido na assembleia, a maioria dos assentos ainda é ocupada por partidos que representam aqueles que se opõem a essa votação ou priorizam outras questões, como é o caso do Partido da Aliança.
Mesmo deixando de lado seu desacordo inerente sobre a questão da reunificação, o Sinn Fein e o DUP precisam agora formar um governo. Caso fracassem, prevaleceria a imposição do domínio britânico direto e novas eleições. O DUP prometeu se abster do governo, a menos que o Acordo do Brexit entre o Reino Unido e a União Europeia – que estabeleceu uma barreira tarifária entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido – seja descartado ou revisado.
Considerado a ala política do Exército Republicano Irlandês (IRA, na sigla em inglês), o Sinn Fein domina as áreas católicas da Irlanda do Norte, ao operar uma rede de patronagem arraigada, e recentemente também se tornou o partido mais popular da República da Irlanda, de acordo com as últimas pesquisas de opinião. Embora o partido já tenha defendido o fim do domínio britânico por qualquer meio necessário, desde então se redefiniu como um partido socialista democrático e abraçou questões polêmicas como direitos de minorias, tais como gays e transgêneros, aumento do fluxo de refugiados e censura on-line.
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