A sessão especial sobre a Ucrânia foi realizada a pedido de Kiev e contou com o apoio de 47 países, entre eles o Brasil. Moscou se recusou a participar das discussões.
Os participantes da sessão adotaram uma resolução sobre a deterioração da situação dos direitos humanos na Ucrânia, na qual o Conselho exigia o cessar imediato das hostilidades no país e solicitava à Comissão Internacional Independente de Inquérito que lançasse uma investigação sobre os eventos ucranianos.
A resolução foi apoiada por 33 países, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Japão e Líbano, enquanto 12 países se abstiveram, incluindo Armênia, Cuba, Cazaquistão, Índia e Uzbequistão, e China e Eritreia votaram contra a resolução.
"Qualquer pessoa sensata, depois de ler a resolução politizada e descolada da realidade adotada hoje [12], verá que o documento não implica nenhum progresso nas questões de direitos humanos, não traz valor agregado na busca de oportunidades para ajudar a sociedade ucraniana e seus moradores no campo dos direitos humanos, não contribui para o diálogo sobre a situação neste país", disse a missão em comunicado em seu site.
A diplomacia russa entende que "a única tarefa deste documento" é exercer pressão sobre a Rússia, assim como "aprofundar a guerra de informação desencadeada pelo Ocidente".
A missão chamou a sessão de "outra festa privada", durante a qual "um círculo limitado de países amplamente conhecidos por sua posição russofóbica 'compartilharam' as mesmas teses".
Embora o Brasil tenha votado a favor da resolução, que condena a Rússia, o Itamaraty criticou os termos do documento, principalmente no que se refere a questões de insegurança alimentar, conforme apurado pelo portal Uol.
A Rússia entende que a ONU é palco de uma "campanha russofóbica" que ignora os atos criminosos de Kiev contra seu povo, dizendo que "todos ficaram em silêncio por oito anos seguidos enquanto os nazistas ucranianos exterminaram gradualmente a população pacífica de Donbass".
A missão russa na ONU lembrou do bloqueio de água à Crimeia por Kiev, do bombardeio das repúblicas de Donbass, das pessoas que sofrem com as minas ucranianas, da entrega contínua de armas à Ucrânia, do treinamento de neonazistas ucranianos e do estabelecimento de laboratórios biológicos no país.
Os diplomatas russos acrescentaram que o Ocidente e a Ucrânia "não têm nada a ver com uma preocupação genuína com o destino da própria Ucrânia e de seu povo".
"A Rússia não pode aceitar essa abordagem, por isso fez a escolha certa de ignorar a sessão", concluiu a missão.
A representante oficial do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, disse anteriormente que a Rússia não participaria da sessão, pois os argumentos de Moscou sobre os objetivos da operação militar especial na Ucrânia e a situação real no terreno estão sendo completamente ignorados pelo Ocidente.