Panorama internacional

Pentágono apresenta justificativa para bombardeio dos EUA na Síria que fez 80 vítimas

Um ataque aéreo dos EUA em 2019 que deixou vários civis mortos na Síria foi consistente com as leis da guerra, disse uma revisão do Pentágono do incidente divulgada nesta terça-feira (17).
Sputnik
"Nenhuma violação das regras de engajamento (ROE, na sigla em inglês) ou da lei da guerra ocorreu", disse o resumo executivo da revisão, segundo informações do jornal The New York Times.
O comunicado informa que, ao permitir esses ataques, "o [Comandante da Força Terrestre] agiu dentro das ROE defensivas autorizadas pelo presidente", sendo que as baixas não foram "causadas deliberadamente ou com desrespeito arbitrário".
A investigação foi liderada por Michael Garrett, general do Exército dos EUA, que estabeleceu um comitê de revisão para examinar o episódio.
Comboio militar dos EUA durante exercícios militares com as Forças Democráticas da Síria (FDS) na província síria de Deir ez-Zor, 8 de dezembro de 2021. Foto de arquivo
O ataque ocorreu em 18 de março de 2019 na cidade de Baghuz e tinha como alvo combatentes do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países). Segundo o Pentágono, o Exército sírio havia sido atacado e solicitou o apoio norte-americano.
O comandante encarregado de fornecer o apoio recebeu repetidamente confirmações de que não havia civis dentro da área de ataque, "o que acabou sendo falso", afirma o documento.
O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, em um memorando sobre o relatório, expressou decepção com os prazos perdidos da investigação, citando preocupações sobre a percepção pública de que o Pentágono não está levando o incidente a sério.
EUA patrulham campos petrolíferos sírios no leste do país. Foto de arquivo

O ataque aéreo dos EUA em Baghuz

O ataque de Baghuz ocorreu nos últimos dias da ofensiva para expulsar os combatentes do Daesh do seu autoproclamado califado.
Jatos de ataque F-15 americanos fizeram repetidos bombardeios em uma região onde dezenas de mulheres, crianças e feridos se abrigavam.
A equipe da Força Aérea dos EUA em um quartel-general no Catar, que estava assistindo a imagens de drones tiradas do alto do local, imediatamente documentou o ataque, dizendo que cerca de 70 civis poderiam ter sido mortos.
A equipe notificou as autoridades do Pentágono de que uma investigação formal era necessária.
Caça F-15E da Força Aérea dos EUA voando sobre o Iraque. Foto de arquivo
Ao invés disso, houve apenas um relatório superficial, que minimizou seu impacto, dizendo que um punhado de combatentes havia sido morto, e não mencionava mortes de civis.
O Comando Central dos EUA reconheceu que 80 pessoas, incluindo civis, foram mortas no ataque aéreo. Embora o número de mortos fosse quase imediatamente aparente para oficiais militares, os regulamentos para investigar o crime em potencial não foram seguidos.
Nos dias que se seguiram ao bombardeio, as forças da coalizão liderada pelos norte-americanos invadiram o local, que foi rapidamente demolido.
Observadores civis que chegaram à área no dia seguinte descreveram ter encontrado pilhas de mulheres e crianças mortas.
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