Visando concretizar a proposta do European Chips Act (Lei Europeia dos Chips, na tradução), a União Europeia pretende estreitar laços com Taiwan mirando em seu grande potencial tecnológico e principalmente na alta de produção de semicondutores na ilha, relata o South Morning China Post.
O European Chips Act é conjunto de medidas lançado pelo bloco europeu em fevereiro que tem como objetivos alavancar a liderança tecnológica de seus Estados-membros e "alcançar a transição digital e verde", conforme publicado no site da UE. O projeto tem como orçamento US$ 47 bilhões (R$ 233 bilhões).
Para isso, os europeus querem melhorar suas relações comerciais com a ilha, à medida que procuram aproveitar o "papel de líder de alta tecnologia" de Taipé. Atrair investimentos taiwaneses em seu setor de semicondutores e aumentar o engajamento político são algumas das estratégias.
Valdis Dombrovskis, comissário de Comércio da União Europeia informou ao Parlamento Europeu que um diálogo comercial e de investimento "modernizado" ocorrerá no dia 2 de junho entre Taiwan e a UE, segundo a mídia.
"Em linha com a estratégia da UE Indo-Pacífico, queremos desenvolver nossa parceria comercial e de investimento com Taiwan em áreas onde nossos interesses se cruzam. É por isso que [a direção-geral de] Comércio e o Escritório de Comércio Exterior de Taiwan trabalharam juntos para modernizar seu diálogo anual, refletindo o papel de Taiwan como líder de alta tecnologia", disse Dombrovskis citado pela mídia.
O jornal afirma que, anteriormente, essas reuniões eram realizadas com funcionários que ocupavam cargos mais simples, entretanto agora, serão lideradas pela diretora de Comércio da UE, Sabine Weyand, e pelo ministro de Assuntos Econômicos de Taiwan, Wang Mei-hua.
Na reunião será discutido "setores críticos e áreas políticas ligadas a cadeias de suprimentos, controle de exportação e triagem de Investimento Direto Estrangeiro [IDE]", diz o SCMP.
No entanto, segundo a mídia, as negociações sobre um acordo bilateral de investimento com Taiwan não estão nos planos, disse Miriam Garcia Ferrer, porta-voz de Comércio e Agricultura da Comissão Europeia, apontando para o fato de que a UE já era a maior fonte de investimento estrangeiro direto na ilha.
"As empresas taiwanesas são livres para investir na Europa. Na verdade, os investimentos taiwaneses na região aumentaram nos últimos meses e acredito que provavelmente veremos um aumento ainda maior em vista do objetivo de Taiwan de diversificar da China para outras partes do mundo", disse Ferrer citada pelo jornal.
Os diálogos provavelmente chamarão a atenção de Pequim, que já alertou o bloco europeu anteriormente que "qualquer tentativa de desenvolver relações oficiais com as autoridades de Taiwan não é aceitável porque é uma violação das normas básicas do relacionamento internacional".