Panorama internacional

Argentina se organiza para apoiar Lula nas eleições de outubro

Com menos de cinco meses para as eleições presidenciais no Brasil, a Argentina, que ainda enfrenta um contexto de instabilidade interna, já tem formado um Comitê Argentino Lula Presidente.
Sputnik
No dia 2 de outubro vão ser realizadas as eleições presidenciais no Brasil. As diferentes pesquisas apontam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011), do Partido dos Trabalhadores (PT), como favorito em relação ao atual presidente, Jair Bolsonaro, do Partido Liberal (PL), candidato à reeleição.
A região está acompanhando atentamente o curso dos acontecimentos no maior país da América Latina, e embora a situação tenha elementos favoráveis a Lula, os próximos meses vão ser complexos.
"Vão ser as eleições mais difíceis desde a redemocratização do país", explica Paulo Pereira, jornalista e petista que vive na Argentina, onde integra a organização do Comitê argentino Lula Presidente.
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Pereira, juntamente com outros brasileiros que vivem na Argentina, já se organizaram para fazer parte da campanha. "Há 82.000 brasileiros que vivem na Argentina hoje, desses 82.000, 42% vivem na cidade de Buenos Aires, 26% na província e os demais estão em outras províncias, principalmente Rosario, Córdoba, Misiones", afirmou ele.
Não é a primeira vez que Pereira, que votou em Lula em sua primeira vitória em 2002 e vive em Buenos Aires há oito anos, se organiza para se mobilizar pelo que está acontecendo no Brasil.
Ele fez o mesmo em 2014, na eleição de Dilma Rousseff; em 2016, quando Dilma foi derrubada pelo que Pereira chama de "golpe de estado"; em 2018 na eleição que Bolsonaro venceu, e agora não será diferente. Para o jornalista, "com a realidade do Brasil, a realidade social em que vivemos, não há outra opção a não ser sair para as ruas e sair para militar".
Lançamento do Comitê Argentino Lula Presidente
O objetivo, diz ele, "é derrotar Bolsonaro nas urnas em 2 de outubro e derrota-lo em todo o país". Para isso, a contribuição da Argentina é importante, tanto para conseguir votos, quanto para apoiar que as eleições, resultados e dias subsequentes ocorram com a devida calma democrática.
"A Argentina é o segundo maior país da região, tem peso político e econômico, é o principal parceiro comercial do Brasil, tem aquele peso que é capaz de mobilizar forças e poderes políticos na região. Tendo a Argentina com os olhos, a solidariedade com o povo trabalhador brasileiro, é fundamental para que o processo democrático de outubro seja respeitado", afirma Pereira.
Ele também destaca a importância da visita de Alberto Fernández a Lula no presídio de Curitiba em julho de 2019, antes mesmo de ser eleito presidente, ressaltando os "riscos para um candidato que ainda não havia vencido as eleições" de seu país.
Oscar Parrili, do Instituto Patria, cerimônia de lançamento do Comitê Argentino Lula Presidente
O jornalista afirma que para compreender a importância da eleição de outubro seria preciso olhar para os 21 anos de ditadura, entre 1964 e 1985, até o "golpe de estado" de 2016 que culminou com o impeachment de Dilma Rousseff (2011-2016), também do PT.
"Se você me perguntasse anos atrás que teríamos um golpe de Estado novamente, eu teria dito que isso não aconteceria mais no Brasil, que as pessoas, as instituições já estavam consolidadas", observou Pereira. No entanto, "Bolsonaro já anunciou publicamente que em outubro pode dar um golpe de estado, então vamos precisar primeiro vencer com muita diferença, estamos fazendo isso com nossas bases", explica o militante petista, que faz parte da liderança da campanha de apoio a Lula, lançada formalmente em 7 de maio no Instituto Pátria, em Buenos Aires.
A ameaça de Bolsonaro, um presidente "que não tem absolutamente nada de democrático" é real, segundo Pereira, e, por isso, vencer nas urnas vai exigir muito esforço durante a corrida presidencial.
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