O consumo de carvão da China continuou aumentado em 2022, com as importações da Rússia duplicando entre março e abril, relatou na sexta-feira (20) a CNN.
Como resultado, a Rússia é agora a segunda maior fornecedora de carvão da China, ultrapassando a Austrália. A Indonésia ainda é a maior fonte das importações, mas a China produz a maior parte de seu carvão internamente.
Em 25 de abril a agência norte-americana AP informou que Pequim pretende aumentar sua produção de carvão este ano em 7%, ou 300 milhões de toneladas, para assegurar um fornecimento estável de eletricidade, depois que as tentativas de corte no ano passado levaram a perdas de energia no nordeste e sudeste da China. Pequim está tentando agora reduzir os custos elétricos para as empresas e fortalecer o crescimento econômico através da redução dos custos elétricos em meio aos confinamentos relacionados à COVID-19.
A China é a maior consumidora mundial de carvão e a maior emissora de gases de efeito estufa que contribuem para a mudança climática, o que torna impactante sua política ambiental. Em 2020 Xi Jinping, presidente da China, disse que, de acordo com os planos econômicos do país socialista, suas emissões de dióxido de carbono atingirão um auge antes de 2030, mas depois diminuirão drasticamente.
Manchetes da mídia ocidental pintaram a ação da China como uma traição aos compromissos de mitigação da mudança climática: "A China procura impulsionar a produção de carvão, colocando em risco a meta climática", disse a revista Nikkei Asia na sexta-feira (21), a rádio NPR resumiu no mesmo dia: "A China promove o carvão contrariando os esforços de reduzir as emissões", enquanto a CNN falou de um "gesto amigável para Moscou" em meio às sanções ocidentais contra as exportações russas de energia.
No mês passado, o Washington Post também declarou que "com a ascensão do carvão, a China coloca a segurança energética e o crescimento antes do clima".
No entanto, na sexta-feira (20) a Comissão Europeia anunciou que precisaria aumentar o consumo de carvão a fim de compensar suas reduções previstas no consumo de gás russo. Segundo o jornal Financial Times, a União Europeia (UE) queimará 5% a mais de carvão do que o previsto anteriormente durante os próximos cinco a dez anos, mas observou que os funcionários do bloco ainda afirmam que a UE atingirá suas metas de redução de emissões até 2030.
Os EUA também estão aumentando a produção de carvão. De acordo com um relatório divulgado no início deste mês pela Administração de Informação de Energia nacional, espera-se que a produção de carvão nos EUA aumente 3% este ano, à medida que o país enfrenta seu próprio boicote às exportações russas de energia, anunciado no início de março. Ao mesmo tempo, tal como a UE, os EUA dizem que seu uso do carvão continuará diminuindo.
O aumento da produção de carvão é tanto a causa como consequência do aumento dos preços do carvão. Em outubro de 2021, os preços internacionais do carvão atingiram US$ 280 (R$ 1.336,88) por tonelada métrica e, após um certo declínio, a operação especial da Rússia na Ucrânia, que começou em fevereiro de 2022, os fez saltar novamente para preços nunca antes vistos, de US$ 440 (R$ 2.147,95) por tonelada métrica.