Após o Pentágono ter encerrado uma investigação interna sobre um bombardeio norte-americano que vitimou 80 pessoas, incluindo civis, Damasco foi à ONU para exigir reparação financeira.
A Síria rejeitou categoricamente o relatório do Pentágono que relativiza o ataque aéreo. Segundo o documento, o bombardeio foi "negligente" e "irresponsável", embora não seja possível culpar os oficiais responsáveis pela operação.
O Pentágono divulgou um relatório na terça-feira (17) alegando que o bombardeio de 18 de março de 2019, em Baghuz, na Síria, não violou as regras ou as leis de guerra.
A missão síria na ONU rejeitou as conclusões do Pentágono e as chamou de "clara tentativa de absolver as forças de ocupação dos EUA na Síria de sua responsabilidade direta por baixas civis sob o pretexto de combater o terrorismo".
"Essas investigações tendenciosas não podem negar o fato de que um crime contra a humanidade ocorreu em Baghuz", disse a missão síria.
Apesar do relatório não apontar qualquer irregularidade dos militares dos EUA, seu texto completo permanece confidencial, com apenas um resumo de duas páginas divulgado ao público.
O ataque aéreo dos EUA em Baghuz
O ataque de Baghuz ocorreu nos últimos dias da ofensiva para expulsar os combatentes do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) do seu autoproclamado califado.
Jatos de ataque F-15 americanos fizeram repetidos bombardeios em uma região onde dezenas de mulheres, crianças e feridos se abrigavam.
A equipe da Força Aérea dos EUA em um quartel-general no Catar, que estava assistindo a imagens de drones tiradas do alto do local, imediatamente documentou o ataque, dizendo que cerca de 70 civis poderiam ter sido mortos.
EUA patrulham campos petrolíferos sírios no leste da Síria.. Foto de arquivo
© AP Photo / Baderkhan Ahmad
A equipe notificou as autoridades do Pentágono de que uma investigação formal era necessária.
Ao invés disso, houve apenas um relatório superficial, que minimizou seu impacto, dizendo que um punhado de combatentes havia sido morto, e não mencionava mortes de civis.
O Comando Central dos EUA reconheceu que 80 pessoas, incluindo civis, foram mortas no ataque aéreo. Embora o número de mortos fosse quase imediatamente aparente para oficiais militares, os regulamentos para investigar o crime em potencial não foram seguidos.
Nos dias que se seguiram ao bombardeio, as forças da coalizão liderada pelos norte-americanos invadiram o local, que foi rapidamente demolido.
Observadores civis que chegaram à área no dia seguinte descreveram ter encontrado pilhas de mulheres e crianças mortas.