Panorama internacional

Saudi Aramco: crise energética global vai piorar com aumento de demanda da China

O chefe da maior empresa petrolífera do mundo explicou que a atual crise energética remonta desde antes da pandemia de COVID-19 devido a más políticas de transição para as energias renováveis.
Sputnik
A crise energética global pode piorar ainda mais à medida em que a demanda de setores-chave se recupera, alertou o CEO da Saudi Aramco, Amin Nasser.
"O mundo está operando com menos de 2% da capacidade [de petróleo] disponível. Antes da COVID-19, a indústria aeronáutica consumia 2,5 milhões de barris de petróleo por dia a mais do que hoje. Se a atividade da indústria da aviação começar a acelerar, vai haver um grande problema", disse Nasser à Reuters durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos.
Além disso, segundo o CEO, as restrições de combate à pandemia de COVID-19 impostas na China não devem durar muito e, portanto, a demanda global por petróleo vai voltar a crescer. As autoridades de Xangai já estão aliviando as medidas de bloqueio após sete semanas, com o objetivo de retornar à vida normal em fases, a partir de 1º de junho.
Embora a operação militar especial da Rússia na Ucrânia e as sanções impostas pelo Ocidente em retaliação contra Moscou tenham disparado os preços do petróleo bruto, isso "teria acontecido" de qualquer maneira porque a atual crise de energia remonta a antes do conflito, esclareceu o chefe da companhia. "Estávamos passando por uma crise energética por falta de investimento, e ela começou a ser sentida como resultado da pandemia", acrescentou.
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Segundo Nasser, o mundo enfrenta uma grande escassez de oferta de petróleo, pois a maioria das empresas tem medo de investir no setor petrolífero devido às pressões da política de energia renovável. O processo de transição energética foi muitas vezes caótico e perturbador, lamentou ele.

"Não existe plano bom. Quando você não tem o plano B pronto, não demonize o plano A", disse o executivo. Muitos políticos e instituições como a Agência Internacional de Energia ou a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26) "dizem que até 2030 não precisamos mais [das petroleiras], então por que construir um projeto que leva seis ou sete anos para materializá-lo?", questionou.

Nasser acredita que passos errados durante a transição energética global apenas encorajariam um maior uso do carvão pelos países em desenvolvimento. "Para os governos dessas nações, a prioridade é colocar comida na mesa para seu povo. Se o carvão pode fazer isso pela metade do preço, eles farão com carvão", disse ele.
Por outro lado, ele enfatizou que a Saudi Aramco não pode expandir rapidamente sua capacidade de produção, apesar dos apelos do Ocidente para isso. Ele insistiu que a petroleira manteria sua meta original de expandir a capacidade para 13 milhões de barris por dia dos atuais 12 milhões, até 2027.
"Se pudéssemos fazer isso [expandir a capacidade] antes de 2027, teríamos feito. Isso é o que dizemos aos políticos. Leva tempo", concluiu.
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