Em vitória do governo Biden, Fiji vai se juntar ao Quadro Econômico Indo-Pacífico (IPEF, na sigla em inglês) liderado pelos EUA poucos dias antes de o ministro das Relações Exteriores da China desembarcar no país.
O conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, saudou a decisão de Fiji de se tornar a primeira nação insular do Pacífico e 14º membro do IPEF, uma iniciativa comercial destinada a aprofundar os laços econômicos, criada para preencher parte do vácuo criado pelos EUA durante a gestão Trump, ao se retirar do acordo comercial de 12 nações da Parceria Transpacífico em 2017, e lançada pelo presidente Joe Biden na última segunda-feira (23) no Japão.
"O IPEF agora reflete toda a diversidade regional do Indo-Pacífico, com membros do nordeste e sudeste da Ásia, sul da Ásia, Oceania e ilhas do Pacífico", disse Sullivan.
De acordo com o Financial Times (FT), a decisão de Fiji de se tornar membro da iniciativa norte-americana oferece algum alívio na rápida escalada que as nações das ilhas do Pacífico estavam testemunhando entre EUA e China nos últimos dias.
EUA, Austrália, Nova Zelândia e Japão ficaram alarmados quando a China assinou um pacto de segurança com as Ilhas Salomão neste ano.
Embora não haja qualquer evidência que comprove as suspeitas, alguns especialistas em segurança acreditam que o acordo pode abrir caminho para que Pequim construa uma base naval que lhe permita projetar ainda mais poder no Pacífico.
O secretário de Relações Exteriores da China, Wang Yi, deve discutir a proposta com as nações insulares do Pacífico em Fiji, na próxima segunda-feira (30). Mas é possível que o ingresso de Suva no IPEF prejudique um acordo político, econômico e de segurança com Pequim.
Fiji tem sido fundamental para a pressão da China por influência no Pacífico. O país também ajudou a China a promover parcerias com outros países da região fora do Fórum das Ilhas do Pacífico, um grupo que inclui os aliados dos EUA, Austrália e Nova Zelândia. Mas analistas disseram ao FT que Suva tem sido muito mais sofisticada na gestão de seu relacionamento com a China do que outras pequenas nações da região.
"Eles aprenderam como o governo chinês funciona, quais agências fazem o quê, e assim adquiriram capacidade para cuidar de seus próprios interesses", disse o professor associado da Universidade do Havaí Tarcisius Kabutaulaka. "Por exemplo, eles dizem não aos empréstimos chineses quando acham que não é benéfico para eles."
De acordo com Sullivan, Fiji agregaria "valor vital" ao IPEF, particularmente nos esforços para combater as mudanças climáticas.