De acordo com a Science Alert, cientistas conseguiram sequenciar o genoma de um homem de meia-idade, morto na Casa do Artesão de Pompeia, revelando fatos sobre sua vida, como por exemplo, ter sido acometido de tuberculose.
No ano 70 d.C, o Monte Vesúvio explodiu epicamente, matando milhares de moradores das cidades vizinhas de Herculano, Pompeia, e outros assentamentos em uma das catástrofes vulcânicas mais devastadoras da história humana.
O poder da erupção destruiu praticamente tudo ao seu redor, quer fosse pelo calor intenso das ondas de magma, quer sufocando as vítimas pelo gás e cinzas que expelia, ou ainda pela queda de pedra-pomes do céu.
No entanto, ao contrário do que se pensava anteriormente, o DNA das vítimas não ficou inviável para uma análise minuciosa já que as cinzas que cobriram as vítimas preservaram as matrizes ósseas por quase dois milênios, atuando como um escudo contra fatores ambientais que induzem a uma maior degradação, como o oxigênio.
Os dois indivíduos deitados no momento de sua morte na Casa do Artesão
© Foto / Fair use/Notizie degli Scavi di Antichità, 1934
Graças aos avanços mais recentes no sequenciamento do genoma, a quantidade de informações recuperadas aumentaram drasticamente e fragmentos de DNA que anteriormente teriam sido danificados demais para serem viáveis, hoje podem ser devidamente avaliados.
O arqueólogo da Universidade de Roma, na Itália, Gabriele Scorrano e seus colegas tentaram aplicar essas técnicas aos restos mortais de duas vítimas humanas do Vesúvio, encontrados na sala de um prédio conhecido como Casa do Artesão.
O primeiro indivíduo era um homem, com idade entre 35 e 40 anos no momento da sua morte, que tinha cerca de 164,3 centímetros de altura, enquanto o segundo, era uma mulher com mais de 50 anos quando morreu, com cerca de 153,1 centímetros de altura.
Desses indivíduos, os pesquisadores extraíram DNA dos osso mais densos do corpo, propensos a conter material genético viável para análise.
Usando métodos idênticos, a equipe comparou a amostra com genomas de 1.030 indivíduos antigos e 471 modernos da Eurásia Ocidental. Os resultados sugerem que o homem era italiano, com a maior parte de seu DNA consistente com pessoas da Itália central. No entanto, havia alguns genes que não são vistos em pessoas da Itália continental, mas são encontrados na ilha da Sardenha, o que indica uma diversidade genética em toda a península itálica naquele período.
Curiosamente, o material genético obtido do osso petroso do homem mostrou evidências de tuberculose. Um estudo cuidadoso de suas vértebras sugere que ele sofria de tuberculose espinhal, uma forma bastante destrutiva da doença.
Apesar de os resultados não serem necessariamente surpreendentes, o aprimoramento das técnicas que possibilitaram sua análise é incrível.
"Nosso estudo – embora limitado a um indivíduo – confirma e demonstra a possibilidade de aplicar métodos paleogenômicos para estudar restos humanos deste local único", escreveram os pesquisadores em seu artigo.