O Ministério Público está investigando supostas violações de direitos humanos cometidas na fazenda Rio Cristalino entre 1974 e 1986, quando o local esteve sob o controle da Volkswagen.
O Ministério Público acusa a montadora alemã de violações sistemáticas de direitos humanos em centenas de casos, além de exploração de trabalho escravo e tráfico de pessoas.
Os crimes teriam sido cometidos nas dependências da fazenda contra empregados que trabalhavam no setor de limpeza, com conhecimento e aprovação da Volkswagen, sustenta o procurador.
"Podemos garantir que levamos muito a sério os possíveis eventos na fazenda Rio Cristalino", disse a Volkswagen em comunicado divulgado pela Reuters neste domingo (29).
De acordo com informações do portal NDR, a empresa alemã deve viajar para Brasília para uma audiência em meados de junho.
Trabalhadores temporários teriam sido baleados, espancados e amarrados quando não conseguiram escapar. Mesmo gravemente doentes, alguns testemunham que foram forçados a trabalhar sob a mira de armas e humilhados.
Para a Volkswagen, a fazenda seria a porta de entrada no negócio de carnes. A oferta para comprar e desenvolver a área veio do governo brasileiro nos anos 1980.
Para o promotor Rafael Garcia, do Ministério Público, as condições de trabalho eram "uma forma de escravidão moderna". Segundo ele, trabalhadores contraíram malária, alguns morreram, e foram enterrados na fazenda sem que suas famílias fossem informadas".
"A Volkswagen obviamente não apenas aceitou essa forma de escravidão, mas também a promoveu. Era simplesmente mão de obra barata", disse o promotor.
Vale lembrar que, em 2021, a montadora fechou um acordo de R$ 36,3 milhões com as autoridades brasileiras por ter colaborado com a ditadura militar do país.