Cientistas descobriram o que poderia ser um antepassado distante dos humanos, segundo comunicado publicado na quinta-feira (26) pelo instituto de pesquisa RIKEN, Japão.
A equipe do cientista Shigery Kuratani estudou os restos do animal Palaeospondylus gunni, semelhante a uma enguia, cujos primeiros fósseis foram descobertos em 1890 em Caithness, Escócia, Reino Unido.
Os pesquisadores do Grupo de Pesquisa Pioneira do RIKEN utilizaram raios X do sincrotron SPring-8 para gerar microtomografias de alta resolução do peixe, com ele medindo cerca de cinco centímetros de comprimento, tendo uma mandíbula e quatro membros, e uma idade estimada de 390 milhões de anos.
Kuratani e sua equipe selecionaram cuidadosamente os fósseis nos quais as cabeças permaneceram completamente embutidas na rocha para obter a imagem craniana mais precisa.
As descobertas dos pesquisadores japoneses, relatadas no estudo publicado na revista Nature, colocam o animal na parte inferior da árvore genealógica dos vertebrados, que inclui os humanos. A criatura tinha uma cabeça plana, um corpo parecido com uma enguia e vivia em um leito de água doce no canto nordeste das Terras Altas escocesas.
O Palaeospondylus gunni viveu em um momento decisivo na história, quando os primeiros vertebrados começaram a sair da água. A adaptação de suas barbatanas nos membros facilitou a transição, dando posteriormente origem a mamíferos, aves e répteis.
"A estranha morfologia do Palaeospondylus, que é comparável à das larvas tetrápodes, é muito interessante do ponto de vista genético de desenvolvimento. Com isto em mente, seguiremos estudando a genética do desenvolvimento por trás desta e de outras mudanças morfológicas que ocorreram na transição da água para a terra na história dos vertebrados", disse Tatsuya Hirasawa, autor principal do estudo, da Universidade de Tóquio.
Daisy Yuzhi Hu, pesquisadora da Universidade Nacional Australiana, que também estava envolvida no estudo, referiu que "este estranho animal tem intrigado os cientistas desde sua descoberta em 1890 como um quebra-cabeça que tem sido impossível de resolver".
Segundo afirmou, "as comparações morfológicas deste animal sempre foram extremamente desafiadoras para os cientistas", mas as melhorias recentes na segmentação e visualização tridimensional de alta resolução tornaram possível esta tarefa.
As novas descobertas poderiam ajudar os cientistas a desvendar uma variedade de características morfológicas desconhecidas e a história evolutiva dos animais de quatro membros.