Uma antiga cidade de 3.400 anos emergiu das profundezas do reservatório de Mossul devido a uma seca extrema no Iraque, permitindo aos arqueólogos estudar as ruínas apenas pela segunda vez desde que uma barragem foi construída nas proximidades, nos anos 1980.
O local não foi catalogado ou estudado antes da construção da barragem.
Recipientes de cerâmica em que eram armazenadas placas cuneiformes no canto de uma sala do Médio Império Assírio (1350-1150 a.C.)
Os arqueólogos creem que as ruínas podem ser de Zakhiku, um importante centro do Império Mittani, que prosperou nas margens do rio Tigre entre 1550 e 1350 a.C. O local já foi estudado em 2018, quando as águas do reservatório de Mossul foram drenadas o suficiente para revelar os restos da cidade antiga.
Na época foi possível desenterrar um grande palácio, mas desta vez uma equipe de arqueólogos do Iraque e da Alemanha foi capaz de descobrir uma grande fortificação com muros e torres, um complexo industrial e um depósito de vários andares, só em janeiro e fevereiro de 2022.
Sítio arqueológico de Kemune, na zona seca do reservatório de Mosul
No local também foram encontradas mais de 100 placas de argila em escrita cuneiforme, que de alguma forma sobreviveram por séculos. Os cientistas referem que um grande terremoto atingiu a região, derrubando edifícios na cidade e forçando os residentes a abandoná-la. No entanto, foram os escombros dos edifícios desmoronados que ajudaram a proteger os restantes elementos, incluindo a água que os cobriu por mais de quatro décadas.
"Os resultados da escavação mostram que o local era um centro importante no Império Mittani", concluiu em comunicado de segunda-feira (30) Ivana Puljiz, professora da Universidade de Friburgo, Alemanha.
Apesar da recolha de uma grande quantidade de material ter sido interrompida pelo novo enchimento do reservatório de Mossul, os arqueólogos conseguiram cobrir as ruínas com coberturas plásticas e uma camada de cascalho para que, quando a água cair novamente, o local seja preservado para estudos futuros.