O Reino Unido e os Países Baixos anunciaram novas licenças para exploração de gás natural no mar do Norte, buscando substituir as importações de gás da Rússia. Os países esperam se juntar à Alemanha para explorar um campo ao largo da sua costa norte.
A iniciativa vem logo depois de Moscou interromper as entregas à maior empresa holandesa pela recusa de pagar pelo gás em rublos, de acordo com as novas regras estabelecidas pela Rússia. O Reino Unido, por sua vez, já enfrenta críticas de ambientalistas sobre a aprovação desesperada dos projetos.
Na última quarta-feira (1º), Amsterdã afirmou ter emitido licenças para um novo campo de gás, localizado a cerca de 19 quilômetros ao norte da costa, perto da fronteira com a Alemanha. A exploração deve começar até o final de 2024 e ainda está pendente de aprovação do estado alemão da Baixa Saxônia. Embora as autoridades tenham decidido contra as licenças em 2021, "agora estão tomando uma decisão diferente" por conta do conflito vivido na Ucrânia, afirmou o governo holandês.
A Gazprom interrompeu as entregas à GasTerra, na terça-feira (31), depois que o atacadista de energia estatal holandês se recusou a pagar na moeda russa. No entanto, os Países Baixos ainda estão recebendo gás natural da Rússia, por meio das empresas nacionais Essent e Eneco, além das alemãs Uniper e RWE, segundo a emissora estatal NOS.
Sob o novo esquema de pagamento estabelecido por Moscou em resposta ao embargo da União Europeia (UE) sobre o conflito na Ucrânia, importadores de países "hostis" são obrigados a abrir contas no Gazprombank da Rússia, onde a moeda de sua escolha é convertida em rublos. Embora a maioria dos países da UE tenha concordado com o plano, vários se recusaram.
Enquanto isso, os reguladores britânicos deram sua aprovação final para a Shell explorar o campo de gás Jackdaw, na costa da Escócia, originalmente licenciado em 1970.
"Estamos turbinando energias renováveis e nucleares, mas também somos realistas sobre nossas necessidades de energia agora", disse o secretário de Negócios e Energia do Reino Unido, Kwasi Kwarteng, no Twitter. "Vamos obter mais do gás que precisamos das águas britânicas para proteger a segurança energética."
O grupo ambientalista Greenpeace respondeu acusando o governo do Reino Unido de ação "desesperada e destrutiva", dizendo a Kwarteng que ele "não está turbinando as energias renováveis", mas "está turbinando a crise climática".