Nesta terça-feira (7), apenas dois dias antes de seu encontro com o líder norte-americano, Joe Biden, o presidente, Jair Bolsonaro (PL), colocou em dúvida a eleição norte-americana ocorrida em 2020, da qual Biden saiu vitorioso ao concorrer com Donald Trump.
De acordo com a Reuters, em declarações, o chefe do Executivo brasileiro citou "fraude eleitoral" que poderia ter acontecido no pleito estadunidense.
"Quem diz é o povo americano. Eu não vou entrar em detalhes na soberania de outro país. Agora, o Trump estava muito bem. E muita coisa chegou para gente que a gente fica com pé atrás. A gente não quer que aconteça isso no Brasil. Tem informações de próprios brasileiros que teve gente que votou mais de uma vez", afirmou.
Os dois chefes de Estado devem se encontrar na quinta-feira (9) para Cúpula das Américas em Los Angeles.
Entretanto, em um primeiro momento, Bolsonaro disse que não compareceria ao evento, conforme noticiado. Depois mudou de ideia ao ser chamado pessoalmente por um enviado de Biden. Contudo, o presidente brasileiro ainda mostra resistência ao dizer em entrevista hoje (7) que "não seria moldura para retrato de ninguém".
"Fomos convidados e eu falei que não iria. Mas veio um representante dele aqui e nós acertamos algumas coisas. Eu não seria moldura de retrato para ninguém, ele [Biden] congelou o relacionamento [com o Brasil]. É um evento que sem o Brasil seria bastante esvaziado", afirmou o presidente citado pelo jornal Valor Econômico.
Sobre o encontro, Bolsonaro disse que, embora não saiba o que o democrata falará na reunião, está preparado para responder a possíveis críticas à preservação da Amazônia.
"Teremos uma bilateral de 30 minutos com o Biden, não sei o que ele vai falar. Se entrar na questão ambiental já sei como proceder. Na Rússia, agradeci ao Putin, que, por dois momentos, ele evitou que os países mais poderosos do mundo discutissem a relativização sobre a soberania da Amazônia. Nós sabemos que americanos, franceses, Reino Unido, canadenses, vários outros países, querem relativizar a soberania da Amazônia, como se fosse algo do mundo", sublinhou.
De acordo com o jornal, o mandatário voltou a dizer que as críticas têm como objetivo atacar o Brasil porque estão em jogo as commodities e o agronegócio. "Eles não querem a competitividade e a competência do Brasil no mercado", acrescentando que Biden não deve "querer impor" ações que devem ser feitas para preservação da Amazônia.
"Ele [Biden] não vai, no meu entender, querer impor algo sobre o que eu devo fazer na Amazônia. Ele me conhece, deve ter informações que me conhece e conhece a região. Não podemos relativizar nossa soberania. […] Eles têm interesses em coisas que o mundo já exauriu e tem lá [na Amazônia]. Devemos fazer a nossa parte, valorizar e equipar nossas Forças Armadas para que você possa ter poder de dissuasão. Tem países extremamente populosos que estão de olho no Brasil e nos tratam muitas vezes como um grande fazendão. Temos muitas coisas cobiçadas no mundo todo."
Bolsonaro complementou seu discurso dizendo que "alguns países querem cada vez mais ter uma liderança aqui dentro do Brasil".