Em um relatório divulgado nesta quarta-feira (8) e citado pelo jornal Valor Econômico, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE) baixou sua projeção do crescimento do PIB brasileiro para 0,6% neste ano e 1,2% no ano que vem.
Em dezembro do ano passado, a entidade projetava expansão de 1,4% da economia brasileira em 2022 e de 2,1% em 2023, ou seja, uma redução de 0,8% e 0,9% respectivamente.
A OCDE aponta que a mudança nas estimativas é consequência da eleição presidencial de outubro, acrescentando que "consideráveis incertezas" podem amortecer o consumo e os investimentos, ao mesmo tempo, prevê que a inflação continuará elevada em 2023 no Brasil, relata a mídia.
Segundo a organização, a inflação anual brasileira atingiu em abril quase 12%, sua maior taxa em 18 anos, e deve continuar em alta em 2022, ficando em 9,7% na média, antes de declinar para algo próximo de 5,3% em 2023.
"A inflação permanecerá alta em 2023, e não se espera que atinja a meta de inflação no horizonte da projeção", diz o relatório.
Simultaneamente, os aumentos dos preços dos alimentos, combustíveis e energia erodiram significativamente o poder de compra das famílias. Além disso, embora o emprego tenha se recuperado e o desemprego esteja caindo, a participação da força de trabalho, a parcela de trabalhadores e salários reais ainda estão abaixo dos níveis pré-pandêmicos.
Segundo a mídia, a OCDE insiste que reformas ambiciosas são necessárias para aumentar o crescimento e preservar as finanças públicas, e evitar que as taxas de pobreza aumentem no Brasil.
Outro ponto citado pela organização é que a forte dependência da energia hidrelétrica tem mostrado seus limites e, como a demanda por eletricidade continua a aumentar, as fontes renováveis alternativas terão de ser exploradas. Na visão da entidade, as fontes eólicas e solares apresentam um potencial significativo inexplorado no Brasil.
No fim de janeiro deste ano, a OCDE aceitou o pedido brasileiro para ingressar na organização e começar seu processo de integração, acontecimento que foi bastante festejado pelo governo Bolsonaro.
Entretanto, algumas medidas da gestão, como o corte de verbas na Receita Federal, foram analisadas pelo economista Leonardo Trevisan, entrevistado pela Spuntik Brasil, como "um tiro no pé", uma vez que vão dificultar a entrada do país na organização por medidas que não são apreciadas pela entidade.