Puxado pelo "boom" nas commodities, o Brasil terminou o ano de 2021 como o sexto maior destino de investimentos externos do mundo, recuperando a posição que ocupava em 2019.
Dados divulgados nesta quinta-feira (9) pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) indicam que o Brasil recebeu US$ 50 bilhões (R$ 245,3 bilhões) em aplicações no ano passado, contra US$ 28 bilhões (R$ 137,3 bilhões) um ano antes.
O volume elevou a economia nacional do 9º lugar entre os destinos preferidos de investimentos externos, em 2020, para a 6ª posição agora.
A notícia, entretanto, não é 100% positiva: com a manutenção dos altos preços das commodities, multinacionais devem ampliar seus investimentos no país, mas os produtos nas prateleiras também ficarão mais caros.
Apesar do crescimento relatado, a economia nacional ainda não conseguiu retomar a atração de recursos que existia antes da pandemia e tampouco a posição que ocupava há uma década no ranking.
Para 2022, o alerta da Organização das Nações Unidas (ONU) é que haverá uma contração dos investimentos no mundo e a crise global deve atingir de forma mais dura as economias emergentes. Nos três primeiros meses do ano, o freio já foi sentido, com uma queda de 21% nas aplicações.
Segundo James Zhan, da Unctad, o Brasil é um caso à parte nesse cenário, por ser um tradicional destino de investimentos estrangeiros.
Para 2022, a aposta é que o fluxo possa finalmente recuperar os níveis de 2019. "Os preços de commodities podem incentivar multinacionais a ampliar suas operações, na indústria extrativista ou na agricultura", afirmou o representante.
Em governos anteriores, o Brasil chegou a ocupar uma posição mais elevada no ranking de investimentos, lembra o portal Uol.
Em 2012, a economia nacional chegou a ser avaliada pela Unctad como a terceira mais citada por multinacionais como destino preferido de investimentos.
A partir de 2010, a economia nacional variou entre a quarta e a quinta maior receptora de investimentos do mundo, situação que começou a mudar em 2019 e se aprofundou, em um colapso ainda maior, em 2020.
O ranking é liderado pelos EUA, que receberam US$ 367 bilhões (R$ 1,8 trilhão) em 2021, seguidos pela China, com US$ 191 bilhões (R$ 937 bilhões). A lista dos dez maiores destinos ainda é completada por Índia, África do Sul, Rússia e México.
De acordo com a agência da ONU, os investimentos externos na América do Sul aumentaram em 74%, chegando a US$ 88 bilhões (R$ 431,7 bilhões) no ano passado. O motivo principal é o interesse de multinacionais pelo setor de commodities e minérios.