De acordo com a Science Alert, os engenheiros dizem, no entanto, que não há necessidade de entrar em pânico. A equipe de construtores afirma que o telescópio foi cuidadosamente projetado para suportar os desafios do espaço exterior.
"Sempre soubemos que Webb teria que enfrentar o ambiente espacial, que inclui luz ultravioleta dura e partículas carregadas do Sol, raios cósmicos de fontes exóticas na galáxia e ataques ocasionais de micrometeoroides dentro do nosso Sistema Solar", disse o engenheiro e vice-gerente técnico de projeto, Paul Geithner, do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA.
"Nós projetamos e construímos o Webb com margem de desempenho – óptico, térmico, elétrico, mecânico – para garantir que ele possa cumprir sua ambiciosa missão científica mesmo depois de muitos anos no espaço", garantiu o engenheiro.
De acordo com os engenheiros da NASA, Webb ocupa uma região a 1,5 milhão de quilômetros da Terra chamada ponto de Lagrange 2, ou ponto lagrangiano 2 (L2), onde a interação gravitacional entre dois corpos em órbita (neste caso, a Terra e o Sol) se equilibra com a força centrípeta da órbita para criar um bolsão estável onde objetos de baixa massa podem permanecer "estacionados", reduzindo assim o consumo de combustível.
O escudo solar de Webb está posicionado entre o Sol/Terra/Lua e o telescópio. No ponto L2 pode-se observar a órbita de Webb
© Foto / STScI
A orbita de Júpiter, por exemplo, é compartilhada por enxames de asteroides em dois dos pontos de Lagrange que compartilha com o Sol, assim como outros planetas também possuem tais pontos.
Desta forma, o telescópio foi projetado especificamente para resistir a possíveis bombardeios de partículas do tamanho de poeira que viajam em velocidades extremamente altas e que por ventura venham a ser capturadas por esses pontos. Para isso, foram feitas diversas simulações antes de lançar Webb ao espaço com objetivo de mitigar os efeitos desses fenômenos.
O grande infortúnio é que os impactos podem mover segmentos de espelho, mas o telescópio possui sensores para medir suas posições e tem ainda a capacidade de ajustá-los, para ajudar a corrigir quaisquer distorções que possam ocorrer, além, é claro, do controle da missão na Terra.
Webb está em uma posição melhor que a do Hubble, que, em órbita baixa da Terra, foi sujeito não apenas a impactos de micrometeoritos, mas a um constante bombardeio de detritos espaciais.
Painéis do Hubble cheios de danos de impacto de detritos orbitais retornaram à Terra após missão de serviço
© Foto / NASA
Ao contrário do Hubble, no entanto, James Webb está a uma distância considerável da Terra, o que impossibilita visitas dos técnicos para a promoção de reparos, como aconteceu com o Hubble em 2009.
O micrometeoroide que atingiu o telescópio – em algum momento entre 23 e 25 de maio – foi um evento aleatório. O impacto foi, no entanto, maior do que o esperado, o que significa que representa uma oportunidade para entender melhor o ambiente L2 e tentar encontrar estratégias para proteger o telescópio no futuro.
"Com os espelhos de Webb expostos ao espaço, esperávamos que impactos de micrometeoroides ocasionais degradassem lentamente o desempenho do telescópio ao longo do tempo", diz o gerente de elementos do telescópio óptico Webb, Lee Feinberg, do Goddard da NASA.
"Desde o lançamento, tivemos quatro ataques de micrometeoroides mensuráveis menores que foram consistentes com as expectativas e este mais recentemente que é maior do que nossas previsões de degradação assumiam", garantiu Feinberg.
Mesmo diante do incidente, as primeiras imagens coloridas e espectroscópicas do Webb devem chegar dentro do prazo, em 12 de julho de 2022.