Neste domingo (12), autoridades de defesa chinesas salientaram que Pequim acredita que as sanções não sejam a resposta para resolver problemas como o conflito na Ucrânia ou a crise nuclear norte-coreana em um fórum de segurança internacional em Cingapura, de acordo com o South China Morning Post.
"Acreditamos que a pressão ou as sanções apenas provocariam mais problemas e até exacerbariam as tensões para complicar ainda mais as questões", disse o ministro da Defesa chinês, Wei Fenghe, em seu discurso no Diálogo Shangri-La.
Segundo o ex-oficial da força de foguetes das Forças Armadas chinesas, para afastar tensões que colocam a Pequim em uma posição delicada por possuir armas nucleares em um momento de grande tensão geopolítica na Ásia-Pacífico, as armas nucleares do país são puramente defensivas e "o objetivo final da estratégia nuclear da China é evitar uma guerra."
As falas do ministro ocorrem uma semana depois que a Coreia do Norte, sob a liderança de Kim Jong-un, disparar oito mísseis balísticos de curto alcance, um recorde para um único dia. Como consequência, o Conselho de Segurança das Nações Unidas impôs uma série de sanções para tentar conter as ambições de mísseis nucleares de Pyongyang.
Quando questionado sobre os testes e as sanções, Wei disse que a China também foi uma das vítimas do episódio porque os testes ocorreram à sua porta, mas que sanções internacionais não melhoram a situação.
"A comunidade internacional ignorou a amargura e o sofrimento do povo norte-coreano em meio às sanções da ONU", disse Wei.
A China também se recusou a condenar a "invasão da Rússia na Ucrânia" ou chamá-la de invasão e criticou as sanções ocidentais contra Moscou.
O professor associado da Universidade de Defesa Nacional do Exército de Libertação Popular da China (ELP), coronel sênior Zhang Chi, avaliou que Pequim não acredita que as sanções tenham grande impacto na Rússia.
"A China descobriu que alguns países ocidentais que afirmam apoiar sanções usaram a moeda russa para comprar recursos naturais de Moscou", disse Zhang. "Qual é o sentido de manter uma contramedida tão inválida?"
Ainda segundo o professor, apesar das acusações de que Pequim estaria ajudando Moscou ao se recusar a aderir às sanções ocidentais, a China não enviou, nem pretende enviar armas à qualquer um dos lados do conflito.
"Qual é a causa desta crise na Ucrânia? Quem é o cérebro por trás disso? Quem perde mais e quem ganha mais? Quem está promovendo a paz e quem está colocando lenha na fogueira? Acho que todos nós sabemos as respostas", disse ele em referência aos países ocidentais que continuam a enviar armas para a Ucrânia, como os EUA.