Panorama internacional

Chanceler alemão defende Merkel em sua posição sobre a Rússia

Uma tentativa de "se dar bem pacificamente" nunca pode ser um movimento errado, disse o chanceler alemão Olaf Scholz.
Sputnik
A ex-chanceler alemã, Angela Merkel, manteve uma política de boas relações com Moscou durante seu mandato e não estava errada, disse seu sucessor, Olaf Scholz, à agência de notícias DPA, neste domingo (19).
Ele admitiu, no entanto, que considerava um erro o excesso de confiança da Alemanha no fornecimento de energia russo.
Quando perguntado se a Alemanha era amigável demais com a Rússia sob Merkel, Scholz defendeu a posição de sua antecessora dizendo que sua própria posição sobre a questão era "próxima" da dela. "Uma tentativa de [alcançar] a reconciliação nunca pode estar errada, nem uma tentativa de se dar bem pacificamente", disse ele.
Scholz, que foi ministro das Finanças e vice-chanceler no quarto – e último – governo de Merkel, ainda criticou a política energética da Alemanha, que dependia muito do fornecimento russo, em sua opinião. "Foi um erro da política econômica alemã focarmos demais em nosso fornecimento de energia da Rússia, sem construir a infraestrutura necessária para que pudéssemos reorganizar [os suprimentos] rapidamente se o pior acontecesse", disse ele.
Como prefeito de Hamburgo, entre 2011 e 2018, Scholz pressionou pela construção de terminais de gás natural liquefeito (GNL) na costa norte da Alemanha. No entanto, quando perguntado se isso significa que ele não cometeu nenhum erro, enquanto Merkel cometeu, Scholz respondeu que tal afirmação equivaleria a tirar suas palavras do contexto.
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"Sempre trabalhei bem com a ex-chanceler [Angela Merkel] e não vejo motivo para questionar esse [trabalho] depois", insistiu.
Na sexta-feira (17), a própria Merkel comentou sua política em relação à Rússia em sua primeira entrevista desde que deixou o cargo de chanceler. Ela negou que esperava "mudar" a Rússia por meio do comércio – algo sobre o qual a mídia alemã especulou e a criticou quando Moscou lançou sua operação militar especial na Ucrânia. Em vez disso, sua política era construir laços com "a segunda [nação] com armas nucleares mais poderosa do mundo", destacou Merkel.
Merkel comentou, pela primeira vez, sobre o conflito em curso na Ucrânia no início de junho, quando disse estar "em solidariedade com a Ucrânia" e condenou as ações da Rússia, mas não abordou suas próprias políticas em relação a Moscou.
Em sua entrevista à rede de notícias alemã RND, ela admitiu, no entanto, que suas decisões podem ter influenciado a decisão do presidente russo, Vladimir Putin, de lançar a operação militar. Segundo Merkel, Putin "não estava mais pronto para uma cúpula no estilo da Normandia". A ex-chanceler estava se referindo às reuniões de quatro vias envolvendo Alemanha, França, Rússia e Ucrânia sobre a crise do Donbass. Merkel também admitiu que não conseguiu criar qualquer outro "formato de discussão europeu-russo" para lidar com questões de segurança.
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