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União Europeia pode desmoronar antes da adesão da Ucrânia, diz Medvedev

A Comissão Europeia recomendou formalmente na sexta-feira (17) tornar a Ucrânia candidata à adesão à União Europeia (UE), após a rápida revisão das respostas de Kiev ao questionário de adesão preenchido no início deste ano.
Sputnik
O prazo real para a possível entrada da Ucrânia na UE é a década de 2050, mas o bloco econômico e político pode se romper antes disso, é o que acredita o ex-presidente e ex-primeiro-ministro russo Dmitry Medvedev.
"Nós, os filhos da década de 1970, todos esperávamos pela chegada do comunismo. Infelizmente, isso não aconteceu. A União Soviética colapsou, o Partido Comunista da União Soviética foi liquidado", escreveu neste domingo (19) em sua página do Telegram Medvedev, que ingressou no partido na universidade e o deixou em 1991. "A situação relacionada ao prometido início da felicidade global na URSS me lembra os encantamentos feitos pela Comissão Europeia em relação à candidatura da Ucrânia à UE."
"A eles foi prometido. Exatamente, prometido. E a promessa foi feita apenas para [Ucrânia], e nem mesmo para a Geórgia (eu ficaria ofendido no lugar deles, nem mesmo mencionando a Turquia)", acrescentou Medvedev, lembrando o pedido de Ancara para se tornar membro da Comunidade Econômica Europeia – a antecessora da UE – desde 1987.
"Eles prometeram, mas com condições. A Ucrânia deveria se tornar melhor, mais limpa, menos corrupta, mais desenvolvida, esclarecida, mais inteligente. [A chefe da Comissão Europeia] tia Ursula [von der Leyen] chegou a dizer que os ucranianos estão morrendo pela adesão à UE", escreveu o ex-presidente, que agora atua como vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia.
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"Depois será como com a construção do comunismo. A data ainda não foi definida. Mas há muitas condições abstratas não verificáveis. Sua verificação objetiva é impossível. Elas serão verificadas por décadas e por novas gerações de líderes da UE. Portanto, o prazo real é meados do século, não antes", escreveu Medvedev.
A autoridade chegou a projetar que o destino da URSS podia atingir a UE.
"É possível que o comunismo já tivesse chegado se a URSS tivesse sido preservada. Mas a união, infelizmente, morreu. Vocês entendem o que estou insinuando? P.S. Talvez (batendo na madeira) a UE desapareça até essa altura? É assustador pensar que escândalo isso seria, dado os sacrifícios que foram feitos no altar da adesão à UE, e que decepção seria para as expectativas dos infelizes ucranianos", concluiu Medvedev.
Durante sua presidência e grande parte do tempo como primeiro-ministro, Dmitry Medvedev foi um dos maiores defensores da melhoria das relações da Rússia com o Ocidente, adotando padrões ocidentais em educação, sistema judicial, negócios, indústria, etc., e era visto por observadores políticos como o líder da ala liberal do partido governante Rússia Unida. No entanto, com o início da crise ucraniana, suas posições públicas mudaram gradualmente para uma hostilidade aberta ao Ocidente, especialmente depois que o visto americano de seu filho foi revogado.
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Na sexta-feira (17), o braço executivo da União Europeia recomendou formalmente que a Ucrânia receba o status de candidato ao bloco, apesar das preocupações pendentes sobre corrupção, Estado de direito, governança, democracia, a influência desmedida dos ultrarricos na economia e na política, pobreza generalizada, nacionalismo e a atual crise militar com a Rússia.
"Todos nós sabemos que os ucranianos estão prontos para morrer pela perspectiva europeia. Queremos que eles vivam conosco pelo sonho europeu", disse a presidente da comissão, von der Leyen.
A Ucrânia solicitou oficialmente o status de candidato à UE ainda em fevereiro.
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