Em entrevista à revista Veja, o ex-governador de São Paulo, João Doria, contou que voltou à vida no setor privado após desistir da disputa pela presidência e afirmou que enxerga a terceira via "com dificuldades", e que o "populismo de direita e esquerda", explícito na polarização dos candidatos "não traz esperança para o Brasil".
"Infelizmente, o populismo de esquerda ou de direita vai vencer no Brasil, o que será desastroso para o futuro do país. Vejo com dificuldades a terceira via. Não quero fazer prognósticos, nem deixar de ter respeito por Simone Tebet, Luiz Felipe d’Avila, Luciano Bivar, Ciro Gomes e outros candidatos. A bipolarização se fortaleceu de tal forma que, lamentavelmente, o destino do Brasil é ser governado por um populista, de esquerda ou de direita", afirmou.
Por falar em terceira via, a revista perguntou ao ex-governador sobre o ex-juiz, Sergio Moro (União Brasil), que, ao que parece, também desistiu de concorrer à presidência.
"Moro e eu fomos massacrados pela política. Nós não somos profissionais da área. Há os momentos em que podemos participar da vida pública e os momentos nos quais a política nos afasta da vida pública. Tenho respeito pelo Sergio Moro e espero que ele se eleja deputado federal pelo Paraná", disse.
Indagado se, caso o resultado no segundo turno seja Lula e Bolsonaro, o ex-governador disse que "pela primeira vez na vida, se isso acontecer, vou anular o meu voto. Nunca votei em branco e nunca anulei, mas quero estar em paz com minha consciência".
Doria também acredita que Bolsonaro não aceitará uma possível derrota e vê "momentos turbulentos pela frente", uma vez que o mandatário "é claramente um golpista" e o país poderia correr risco com golpe. No entanto, a mídia questiona o empresário, visto que o mesmo apoiou o presidente em 2018 mesmo quando ele já falava em ditadura militar.
"Quase 60 milhões de brasileiros votaram em Bolsonaro. Foi um voto anti-Lula. Como eu, há milhões de brasileiros arrependidos. Escolhemos o remédio errado para salvar o Brasil. O Brasil, de fato, fico pior com Bolsonaro", respondeu.
Ainda assim, a reportagem insiste na comunicação entre os dois e cita que "há quem diga" que confrontos públicos contra o presidente na fase mais aguda da pandemia ajudaram a aumentar a rejeição de Doria.
"Não faria nada diferente, pois o confronto era necessário. Contra quem defendia a cloroquina, eu defendia a vacina. Fiz o papel que se espera de um gestor responsável", complementou.