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Juiz diz que tinha 'suspeitas substanciais' para prender Ribeiro e pastores

O juiz Renato Borelli, da 15.ª Vara Federal do Distrito Federal, que determinou a prisão preventiva do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, e de outras quatro pessoas, disse que tomou a decisão com base em "suspeitas substanciais".
Sputnik
A prisão de Ribeiro foi decretada na última quarta-feira (22) e revertida no dia seguinte pelo desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1.ª Região (TRF-1), em Brasília, que mandou soltar o ex-ministro e outras quatro pessoas detidas na Operação Acesso Pago.
As decisões também valeram para outras quatro pessoas, alvos da operação deflagrada pela Polícia Federal: Helder Diego da Silva Bartolomeu e Luciano de Freitas Musse e os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.

"Todas as decisões foram proferidas com base em indicativos cabais que haveria uma sequência de condutas suspeitas no Ministério da Educação [MEC] e que poderiam amoldar-se aos tipos penais acima especificados; é dizer, as decisões não foram proferidas sem o respaldo legal justificador", diz um trecho da manifestação enviada pelo juiz ao gabinete do desembargador, conforme noticiou o portal Uol.

O magistrado contrapõe os argumentos usados por Ney Bello para dar o habeas corpus, que colocou o ex-ministro em liberdade.
Segundo o desembargador, sua decisão estaria respaldada pelo fato de Milton Ribeiro não ocupar mais o posto no Ministério da Educação (MEC) e de as ações investigadas não terem "contemporaneidade", em suas palavras.
Em resposta, o juiz federal afirma que, mesmo fora do governo, o ex-ministro "ainda pode interferir na produção de provas sobre eventual conduta criminosa pretérita".

"O fato de o investigado não mais pertencer aos quadros da Administração Pública não o exime de responder pelos atos porventura típicos que em outra época tenha sido autor, nem tampouco se atualmente ele pode ou não continuar praticando", argumenta.

Em Brasília, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (PL), aponta para o então ministro da Educação, Milton Ribeiro, durante cerimônia, em 4 de fevereiro de 2022. Foto de arquivo
Borelli diz ainda que não é possível afirmar se há ou não "contemporaneidade" nos fatos investigados. Segundo ele, isto demandaria um aprofundamento das investigações.

"Com efeito, em um Estado Democrático de Direito, a ninguém é dado permanecer inerte, muito menos às autoridades estatais, diante de situações que podem configurar lesão a qualquer bem jurídico tutelado pelo direito penal, mormente quando o bem lesado pertence a toda sociedade", escreveu o juiz.

Ele também nega que teria impedido as defesas de tomarem conhecimento do processo. Borelli afirma, no entanto, que a ordem de prisão não poderia ter sido comunicada antes do cumprimento, "sob pena de torná-la ineficaz pelo conhecimento prévio".

"Tão logo as cautelares foram todas cumpridas, franqueou-se às defesas dos investigados acesso às informações processuais", explicou.

De acordo com o Uol, a manifestação foi enviada ao desembargador Ney Bello horas após sua determinação de soltura do ex-ministro.
Ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro. Foto de arquivo

Entenda o caso

Ribeiro é investigado por corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência por suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do ministério.
O grupo é acusado de atuar informalmente entre prefeituras para a liberação de recursos do Ministério da Educação.
Em áudio divulgado em março, Ribeiro afirma que o presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu a ele que os municípios indicados pelos dois pastores recebessem prioridade na liberação de recursos. Conforme prefeitos relataram em depoimento, em troca o grupo teria exigido o pagamento de propina.
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