A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) convidou o presidente ucraniano Vladimir Zelensky para participar de sua próxima cúpula em Madri, mas isso não significa que o bloco planeje convidar Kiev para se juntar às suas fileiras em breve, disse o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, ao jornal El País neste domingo (26).
A questão de convidar a Ucrânia para se juntar à OTAN não está sendo levantada, disse o ministro, quando perguntado se o bloco militar manteria sua porta aberta para que Kiev se juntasse "no médio prazo". "Nunca esteve na mesa, nem está agora", acrescentou.
A expansão da OTAN para o leste foi citada pela Rússia como uma das razões para o lançamento de operação militar especial na Ucrânia em fevereiro. O Kremlin tem insistido que a Ucrânia se declare oficialmente um país neutro que nunca se juntaria ao bloco militar liderado pelos EUA.
No início desta semana, o conselheiro de Zelensky, Aleksei Arestovich, afirmou que a Ucrânia já é "de fato" parte da OTAN, apontando para as promessas das nações ocidentais em ajudar Kiev a "vencer" o conflito estabelecido com a Rússia.
De acordo com o ministro da Defesa espanhol, se Zelensky tivesse decidido participar pessoalmente da próxima cúpula de Madri, "nós o teríamos recebido de braços abertos", acrescentando que o líder ucraniano acabaria participando da cúpula por meio de uma ligação de vídeo.
A União Europeia (UE) e a OTAN querem apenas "que a paz retorne à Ucrânia e à Europa o mais rápido possível", observou Albares, acrescentando, no entanto, que todas as medidas tomadas pelas nações da UE e seus "aliados transatlânticos" visam fazer com que as forças de Moscou regressem ao território russo.
As nações ocidentais têm fornecido à Ucrânia várias armas e equipamentos militares quase desde o início da operação. Moscou advertiu repetidamente que o fornecimento de armas para Kiev apenas prolongaria a situação de instabilidade e o conflito.
Quando perguntado se o Ocidente deveria "pedir" a Zelensky para chegar a um cessar-fogo com a Rússia fazendo algumas concessões, Albares disse que a Ucrânia é uma nação soberana e pode tomar decisões por si mesma.
Suas palavras vieram antes da cúpula da OTAN na próxima semana em Madri, durante a qual o bloco militar deve definir seu novo conceito de estratégia. O chefe da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, disse anteriormente que em sua próxima atualização de política o bloco, pela primeira vez, deve declarar a Rússia não mais como um parceiro, mas sim uma ameaça.
As nações bálticas e a Polônia também planejam aproveitar a ocasião para solicitar um reforço maciço da OTAN em seu flanco leste – algo que a Rússia há muito define como uma ameaça à sua segurança.