Na segunda-feira (28), durante o X Fórum Jurídico de Lisboa, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que os dois últimos índices de inflação brasileiros "foram dentro da expectativa" e que o "pior da inflação" no país já passou, segundo o jornal Valor Econômico.
"A gente ainda tem no Brasil um componente de aceleração [de inflação]. Os últimos dois números foram, pela primeira vez, dentro da expectativa, a gente acha que o pior da inflação no Brasil já passou. A gente tem algumas medidas sendo desenhadas pelo governo [para reduzir impostos de combustíveis e outros itens], que a gente precisa entender qual vai ser o efeito disso no processo inflacionário, ainda não está claro", afirmou.
De acordo com o jornal, o Banco Central, iniciou em março de 2021 o ciclo mais longo e mais agressivo de alta de juros desde a implementação das normas de metas de inflação, em 1999, quando a Selic se tornou o principal instrumento de política monetária. No período, a taxa básica passou de 2%, mínima histórica, para 13,25% após sucessivas elevações.
"Mas é importante dizer que o Brasil fez o processo antecipado, acreditamos que a nossa ferramenta é capaz de frear o processo inflacionário e vai frear. A gente acha que grande parte do trabalho já foi feito", declarou.
O presidente ainda chamou atenção para o fato de que a alta de preços no mundo em energia e alimentos tem contaminado toda a cadeia de inflação, e segundo Campos Neto, essa dinâmica tem impacto sobre a atuação das autoridades monetárias.
"Se tem uma coisa que está acontecendo no índice de inflação de todos os países, é que está ficando mais disseminado. O BC atua de uma forma se a inflação for só em elementos voláteis e de outra quando está mais espalhada na cadeia", complementou.
Entretanto, mesmo com a inflação e a crise energética, o líder do BC acredita que há espaço para crescimento do Brasil. Em março, o presidente disse que, com a crise ucraniana, o país poderia se beneficiar e ter maior chance de inserção global, conforme noticiado.