Na véspera da
cúpula da OTAN em Madri iniciada em 28 de junho, o Global Times apresentou uma análise das atividades da aliança e seu papel no mundo contemporâneo. Chamando a OTAN de "
produto da Guerra Fria", o autor do artigo
afirma que a aliança está desencadeando uma "nova guerra fria", mas de um tipo muito diferente da do século XX.
Tal visão pessimista, supõe o autor, reflete
a preocupação geral da comunidade internacional sobre a situação atual no mundo.
Exprime-se também a desaprovação do posicionamento que os países da OTAN têm assumido em relação à China. Assim, de acordo com as previsões para a cúpula de 28-30 de junho, a China pela primeira vez será declarada um "desafio" no conceito estratégico da OTAN. Ao mesmo tempo, os líderes do bloco ainda não conseguem elaborar uma visão conjunta sobre a China.
Assim, o autor resume que todos os 30 países que fazem parte da OTAN não podem partilhar a mesma opinião sobre crises geopolíticas ou ameaças político-militares. Ao aderirem à OTAN, os países são frequentemente forçados a se tornar "vassalos" ou "peões" de Washington. Como resultado, suas preocupações relacionadas com a segurança não desaparecem, mas, no fim das contas, os países acabam enfrentando "riscos imprevisíveis de agravamento".
O autor do artigo compara a aliança militar com um "muro perigoso", referindo-se a um filósofo antigo chinês que um dia disse que "o cavalheiro não deve ficar sob um muro perigoso". Ou seja, de certo modo pode-se dizer que a OTAN é o maior "muro perigoso" no mundo hoje em dia.
Para provar sua argumentação, o autor recorre ao exemplo sobre
o desencadeamento da crise ucraniana em 24 de fevereiro de 2022, afirmando ser uma demonstração clara das consequências desastrosas do
dilema de segurança europeia, provocada pela OTAN.
"A OTAN de forma direta causou e agravou o dilema de segurança europeia sem parar. O desencadeamento do conflito entre a Rússia e a Ucrânia é a demonstração de suas consequências desastrosas. Os fatos provam que as tentativas de atingir a segurança absoluta sob o nome de 'defesa coletiva' afinal de contas levarão ao confronto entre os campos. Ou seja, a OTAN não é de forma alguma um antídoto para a crise de segurança na Europa, é veneno. Se alguém decidir espalhar este veneno para a Ásia Oriental, que é chamado de 'oásis da paz e desenvolvimento mundial', tal comportamento será insidioso e terrível", destaca-se no artigo.
A coisa mais preocupante, diz o Global Times, é a presença na cúpula da OTAN do
Japão e da
Coreia do Sul, que não fazem e
não devem fazer parte da aliança militar. "É um passo muito negativo", afirma o autor. Os interesses dos países da Ásia-Pacífico baseiam-se na paz e estabilidade da região. A decisão de cooperar com a OTAN, defende, é uma escolha extremamente imprudente por parte de qualquer país da Ásia-Pacífico e vai certamente prejudicar as relações estratégicas de confiança mútua com a China e "inevitavelmente
ocasionar consequências".
A herança da Guerra Fria não pode de modo algum penetrar no oceano Pacífico, conclui o artigo. Assim, os países da Ásia-Pacífico têm de chegar a consenso sobre seu próprio dilema de segurança, aprendendo as lições da Europa "de maneira correta".