Recentemente, o líder do maior partido de oposição alemão União Democrata-Cristã, Friedrich Merz, afirmou que a escassez de gás natural na Europa poderia causar uma "batalha pela distribuição" deste recurso energético entre os países europeus. De acordo com o político, é necessário criar um plano de distribuição de gás concertado pelos países da UE.
Aleksandr Kamkin, economista do Instituto de Economia Mundial e Relações Internacionais da Rússia, afirmou em conversa com a Sputnik:
"Em princípio, levando em consideração que todos estes anos a Alemanha tem sido um dos centros de distribuição de gás, pelo menos para a Europa Ocidental – para a França, Áustria e outros países, então, as entregas de gás por cotas, digamos, através deste hub alemão têm um certo fundamento".
De acordo com suas palavras, "quase a metade de todo o gás que chegava aos depósitos subterrâneos da Alemanha era em sua maioria reexportada para outros países europeus". Ou seja, devido à recusa do gás russo, o volume de entregas desde Alemanha para outros países – a cota para outros Estados europeus – está se reduzindo, porque Berlim também tem que manter o funcionamento de sua própria economia.
Ao mesmo tempo, relembra Kamkin, "outros países da UE também abandonam os recursos energéticos russos através de outros canais de fornecimento", provocando um déficit bem grande de recursos energéticos na União Europeia.
Ele notou ainda que também é incerta a forma concreta como e segundo quais critérios as cotas serão distribuídas.
O especialista russo sugere que a UE está se tornando cada vez mais uma economia planificada.
"Em essência, Merz propõe transformar a Alemanha não só nesse hub de distribuição de gás, mas também 'em um departamento de planejamento', digamos assim. E a corporação estatal chamada de União Europeia onde haverá um planejador, Merz, Scholz ou alguém outro, que vai determinar quanto gás liberar para França, quanto gás liberar para Áustria", considera ele.
Certamente, a transferência das competências de distribuição de recursos energéticos para um só país pode gerar descontentamento entre outros países-membros.
"Naturalmente, isso pode gerar descontentamento de outros países com uma distribuição injusta conforme a cota e levar a certas tensões nas relações, o que poderá se tornar mais uma rachadura no alicerce da União Europeia", concluiu o especialista.