Panorama internacional

Quem vai liderar o Partido Conservador britânico depois da renúncia de Boris Johnson?

O premiê do Reino Unido anunciou sua renúncia nesta quinta-feira (7) depois de mais de 50 funcionários terem saído de seu gabinete. Boris Johnson afirmou que continuaria sendo primeiro-ministro até a nomeação do seu sucessor e que já tinha criado um novo gabinete, exortando a iniciar imediatamente o processo de escolha do novo líder do partido.
Sputnik
Nesse contexto, a mídia está discutindo quem poderia sucedê-lo como líder dos conservadores e chefe do governo britânico. The New York Times, em artigo de Megan Specia, supõe que entre os possíveis candidatos estão listados Liz Truss, Nadhim Zahawi, Jeremy Hunt e Rishi Sunak.

Liz Truss

Liz Truss, a secretária de Relações Exteriores que foi nomeada pelo próprio Boris Johnson no ano passado, é vista como uma estrela política em ascensão, como a nomeia Megan Specia. Ela ocupou cargos nos gabinetes de três ex-primeiros-ministros: David Cameron, Theresa May e Boris Johnson. A mídia britânica com frequência recorre a comparações de Truss à ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher (a primeira mulher a ocupar tal cargo, conhecida como "Dama de Ferro") depois de ela postar fotos de uma viagem à Rússia no ano passado.
A secretária de Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss, durante entrevista coletiva conjunta em Vilnius, na Lituânia, em 3 de março de 2022
Truss é a primeira secretária de Relações Exteriores em um governo conservador na história do Reino Unido, a sua política de sanções contra oligarcas russos no início do conflito na Ucrânia, acredita a autora do artigo, foi recebida pelo povo britânico com aplausos. Ao mesmo tempo, antes da renúncia do premiê, a política expressava forte apoio a Boris Johnson, após a saída do gabinete de dois de seus ministros na terça-feira (5).
Megan Specia quer saber se a lealdade de Truss ao já ex-primeiro-ministro do Reino Unido pode feri-la politicamente, mas já depois do discurso de Johnson, transmitido pelo canal de televisão Sky News, a secretária de Relações Exteriores descreveu a decisão do ex-líder britânico como "correta".

Nadhim Zahawi

Nadhim Zahawi, nomeado chanceler do Tesouro horas após a renúncia de Rishi Sunak, subia nas fileiras do Partido Conservador ao longo da última década e é visto pelo The New York Times como um forte candidato a liderar o partido. Assim como Liz Truss, desde o início apoiou Boris Johnson, mas na manhã da quarta-feira (6) deixou claro que sua missão principal era o serviço público do Reino Unido.
Secretário de Educação britânico, Nadhim Zahawi depois de participar de uma reunião do gabinete em Downing Street, Londres, 7 de junho de 2022
Zahawi, que tem 55 anos, foi anteriormente o secretário de Educação e serviu como o ministro das vacinas, em plena pandemia da COVID-19. Nasceu no Iraque em 1967 e emigrou para o Reino Unido com sua família nos anos 1970, quando Saddam Hussein chegou ao poder no país. Perante o público, Nadhim Zahawi falou várias vezes como o Reino Unido deu "tudo" a ele e a sua família e que por isso ele se sentia no dever de servir o país.

Jeremy Hunt

Jeremy Hunt, o ex-secretário de Relações Exteriores que Johnson derrotou no último concurso de liderança do Partido Conservador, é também visto como um líder potencial do partido. Ao perder o concurso de liderança em 2019, ele se mudou para as bancadas do partido, mas ainda continua sendo um membro influente.
Ministro britânico Jeremy Hunt
Hunt presidiu o Comitê seletivo de Saúde e Assistência Social desde janeiro de 2020. Ao longo da pandemia, foi um crítico da abordagem do governo às respostas à COVID-19. Inicialmente, Hunt se opôs ao Brexit em um referendo decisivo de 2016, mas anos depois começou a manifestar apoio à saída do Reino Unido da União Europeia. Seus gafes públicos prejudicaram seu prestígio no passado, inclusive quando ele acidentalmente chamou sua esposa chinesa de "japonesa".

Rishi Sunak

Rishi Sunak, ex-chanceler do Tesouro cuja renúncia na terça-feira (5) deu um duro golpe a Johnson, há muito é observado como um líder potencial do partido, embora sua reputação tenha sido marcada por controvérsias recentes.
Chanceler do Tesouro britânico, Rishi Sunak, participa de uma reunião do gabinete em 10, Downing Street, Londres, 24 de maio de 2022
Ficou ferido politicamente ainda no início deste ano, quando veio à tona que sua esposa rica sonegou impostos, através de status especial. Além do mais, passou a ser visto com maus olhos pelos britânicos por ter guardado o Green Card (que é a permissão de moradia permanente dos Estados Unidos), que permite morar e trabalhar nos Estados Unidos, ao longo dos meses depois de se tornar chanceler do Tesouro britânico. Sunak também foi multado por violar as regras de confinamento durante a pandemia da COVID-19, quando participou de celebração de aniversário de Boris Johnson em Downing Street em 2020.
Ainda assim, uma grande competência de Rishi Sunak foi o papel desempenhado por ele na entrega de pacotes de ajuda às empresas e aos contribuintes durante a pandemia, trazendo popularidade para ele, tanto no Partido Conservador como entre os eleitores, conclui a edição.
Ao mesmo tempo, de acordo com o analista russo Aleksandr Gusev, entrevistado pela Sputnik, Theresa May pode ser considerada uma possível candidata ao cargo de premiê interina do Reino Unido (renunciou ao cargo em 2019).
"Há 12 candidatos [para o cargo de primeiro-ministro], e entre eles há uma figura bem conhecida – Theresa May, que ocupou o cargo antes de Boris Johnson. Há previsões de que possa se tornar a primeira-ministra interina. Mas há também outras candidaturas", afirmou o analista, lembrando que a nomeação do primeiro-ministro vai vir depois de um longo procedimento.
Ex-primeira-ministra do Reino Unido Theresa May, que renunciou ao cargo em 2019

"Agora se trata do primeiro-ministro interino, porque enfrentam uma crise interna. A candidatura do primeiro-ministro é aprovada pela rainha. Há muitas nuances", disse.

De acordo com as previsões do analista, os conservadores vão substituir Johnson por um candidato de seu partido e não se deve esperar novas eleições parlamentares.
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