Panorama internacional

The Washington Post: estratégia de Biden em relação à Ucrânia corre risco de prolongar o conflito

A estratégia da administração Biden em relação à Ucrânia é totalmente errada, porque só visa o prolongamento do conflito em vez de sua resolução, acredita o colunista do The Washington Post Josh Rogin.
Sputnik
Na semana passada, os Estados Unidos e seus parceiros da OTAN se reuniram em Madri a fim de "demonstrar sua unidade no apoio à Ucrânia". Contudo, nesta semana, diz o artigo, no terreno a realidade está se tornando mais sombria: as forças ucranianas carecem das armas de que precisam para combater em Donbass e outras regiões e têm cada vez menos capacidades para lutar.

"As forças ucranianas não têm as armas que precisam para resistir ao ataque russo no leste, muito menos para empurrar as tropas russas" para as fronteiras anteriores, escreve o autor.

Segundo a edição, nos próprios EUA aumentam as preocupações quanto à estratégia do presidente Biden, que significa dar a Kiev apenas armas suficientes para manter um impasse violento, mas não para vencer o conflito.
De acordo com Josh Rogin, colunista do The Washington Post, o inverno [no Hemisfério Norte] está chegando, o que na prática significa que "se a Rússia seguir controlando uma importante parte do território ucraniano, quando a região de Donbass congelar, será mais difícil, senão impossível, reverter os ganhos da Rússia na primavera".
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O colunista cita as palavras do senador norte-americano, membro do Comitê de Relações Exteriores, o republicano James E. Risch (Idaho).
"Se continuarmos apenas dando armas para combater, o que só leva a um impasse, a situação não será boa e isso vai acarretar consequências", acredita. "Precisamos entrar ou sair [do conflito]. E se estivermos dentro, precisaremos dar a eles o que precisarem para vencer."
"Em Madri, Biden prometeu que os Estados Unidos e a Europa apoiariam a Ucrânia durante o período necessário. Mas ele não disse que daria à Ucrânia os meios para encurtar esse período. Ainda que os Estados Unidos tenham prometido bilhões para apoiar as tropas ucranianas, apenas uma parcela desses recursos chegou, deixando os militares ucranianos mal equipados", afirma Josh Rogin.
Em privado, certos funcionários do governo norte-americano, comunica o colunista, lhe disseram que os atrasos no fornecimento dos armamentos não eram resultado de nenhum problema com a entrega real das armas. Pelo contrário, o principal problema é a discordância dentro da equipe Biden, que surge com cada nova decisão sobre armas.
Como o senador republicano comunicou ao autor do artigo, trata-se de uma preocupação de que, se as tropas russas enfrentarem uma ofensiva bem-sucedida da Ucrânia, poderão avançar no território ucraniano ainda mais.
O presidente norte-americano, Joe Biden, com a primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, e o presidente finlandês, Sauli Niinisto, durante declaração conjunta à imprensa após reunião na Casa Branca
"Como resultado, [a Casa Branca] está tomando uma via intermédia", salienta-se na publicação.
A chamada via intermédia também é seguida por outros países do Ocidente, que obviamente priorizam o apoio à Ucrânia em vez do alcance rápido da paz, que poderia evitar perdas de ambos os lados. Assim, no fim de junho a secretária de Relações Exteriores britânica Liz Truss afirmou que era preciso fornecer à Ucrânia todo o apoio possível em vez de tentar chegar à paz, acrescentando que a OTAN devia aumentar sua presença na região e lhe dar um caráter "mais permanente".
A Rússia iniciou sua operação militar especial na Ucrânia em 24 de fevereiro, com o objetivo de "desmilitarizar e desnazificar" o país vizinho, após as repúblicas populares de Donetsk (RPD) e Lugansk (RPL) pedirem ajuda para se defenderem da intensificação dos ataques ucranianos.
Segundo o Ministério da Defesa russo, somente a infraestrutura militar ucraniana está sendo visada. Moscou já reiterou, por diversas vezes, que não tem planos de ocupar o país. Os países do Ocidente, em resposta à operação russa, lançaram uma campanha de sanções sem precedentes contra Moscou.
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