"Trump nunca sofreu o que Johnson tem sofrido. Em nenhuma ocasião os líderes dos republicanos – senadores, membros da Câmara dos Representantes, governadores ou altos funcionários fizeram tentativas de se opor a ele coletivamente. Depois de 6 de janeiro de 2021, no Gabinete de Trump se falou de que, com base na Vigésima Quinta Emenda da Constituição dos Estados Unidos, o presidente podia ser declarado incapaz de exercer seu cargo, mas isso não resultou em nada. Os legisladores inicialmente condenaram seu ataque ao Capitólio, mas depois começaram a ceder de maneira obediente", escreve o colunista do The Washington Post.
"Há coisas semelhantes nas personalidades de Johnson e Trump, e pode ser que tenha sido por isso que, de forma instintiva, se aproximavam um do outro. Mesmo quando Johnson manobrava contra May [Theresa May, ex-primeira-ministra britânica que ocupou o cargo antes de Johnson, mas também renunciou], Trump elogiou-o e criticou May. Vale a pena lembrar uma famosa entrevista [de Trump], em que ele critica May e fala de Johnson em tom positivo, quando [o ex-presidente norte-americano] chegou em visita oficial ao Reino Unido para se encontrar com May, primeira-ministra em funções", recorda o The Washington Post.
"É provável que Johnson tenha estado pronto para pedir desculpas, quando foi encurralado, mas [neste caso] se tratava mais do instinto de sobrevivência. Seu discurso de renúncia pode ser considerado de qualquer forma, mas não de penitente. Parece que Trump é ainda mais incapaz de reconhecer seus erros", nota-se na publicação.