"Enquanto o mercado de gás então previu uma crise de curta duração, durando talvez um par de meses, agora está representando um perigo extremo para o próximo inverno [no Hemisfério Norte], através de 2023 e, cada vez mais, para 2024", diz o artigo de opinião.
O analista notou que o primeiro texto sério chegará nas próximas duas semanas, enquanto o gasoduto Nord Stream 1 (Corrente do Norte 1), a ligação mais importante entre a Rússia e a União Europeia, está passando por obras de manutenção anual de 11 a 21 de julho.
"Berlim receia que Moscou encontre uma desculpa para mantê-lo fechado para sempre, cortando completamente o fornecimento de gás à Alemanha. Depois de tudo o que Moscou fez, o governo alemão tem razão em estar preocupado", acredita Javier Blas.
Ao mesmo tempo, na opinião dele, a Rússia pode querer manter alguns dos suprimentos de gás a fim de preservar sua influência de longo prazo, que desapareceria com a cessão completa das entregas.
Sendo o Nord Stream 1 a principal rota para o gás russo para a Europa, a recusa de reabrir o gasoduto após a manutenção limitará o lucro que a gigante estatal russa Gazprom desfruta de preços altos do gás, aponta o observador.
Ao resumir, o autor do artigo prevê "mais risco à frente: em algum momento, Moscou vai desligar completamente a torneira, provavelmente antes do inverno, para tentar colocar a economia alemã de joelhos. Esse é um resultado que o mercado ainda não avaliou".
O preço de gás na Europa dobrou em um mês: se em 10 de junho o valor dos futuros foi de US$ 903,8 (R$ 4.750), até o final do mês aproximou-se de US$ 1.600 (R$ 8.408) e no início de julho – pela primeira vez desde março – atingiu a taxa de US$ 1.900 (R$ 9.985).