A China se absteve de apoiar o teto de preços norte-americano para o petróleo russo, mas, de acordo com o South China Morning Post, continua apelando para que haja maior diálogo para resolver a "questão complicada".
A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, em reunião virtual com o vice-primeiro-ministro chinês Liu He na semana passada, falou sobre o possível teto de preços para o petróleo russo, algo que só foi comentado hoje pelo Ministério do Comércio chinês, depois que Yellen, em entrevista ao The Wall Street Journal, afirmou que Pequim está preparada para ter mais discussões com os EUA sobre a matéria.
A porta-voz do ministério, Shu Jueting, disse, no entanto que os EUA "apresentaram seus pensamentos" sobre a fixação de um teto de preços para o petróleo "de um determinado país" nas negociações da semana passada, sem citar a Rússia.
"Do lado chinês, achamos que a questão é muito complicada. A pré-condição para abordar a questão é que todas as partes relacionadas devam se esforçar para facilitar os diálogos pela paz, para promover o resfriamento em vez de aquecer a crise na Ucrânia", disse Shu, acrescentando que "isso está de acordo com os interesses de todos os lados".
A atual estratégia dos EUA de restringir a economia de Moscou a partir da diminuição de sua receita de energia vêm reunindo o apoio dos países ocidentais. Entretanto, China e Índia, que estão entre os principais compradores de petróleo russo, se abstiveram de aderir às sanções ocidentais contra Moscou.
As importações chinesas de petróleo bruto da Rússia subiram para um recorde de 8,42 milhões de toneladas em maio, um aumento de 29% em relação a abril e 55% maior do que no ano anterior.
De acordo com o gigante asiático, as negociações com os EUA foram pragmáticas, francas e construtivas e se focaram principalmente sobre questões econômicas e tarifas da era Trump, em um momento em que ambos os países acreditam que a economia global "está enfrentando sérios desafios e é de grande importância fortalecer a comunicação e a coordenação das macropolíticas China-EUA".
Segundo a Casa Branca, o presidente dos EUA, Joe Biden, ainda pondera se a redução das tarifas comerciais sobre alguns produtos chineses será uma opção para domar a inflação crescente nos Estados Unidos, que subiu para 9,1% em junho.
Biden ainda tenta culpar a operação militar especial de Moscou na Ucrânia, algo que a China se absteve de fazer apesar da pressão ocidental, alegando que as sanções ocidentais e a expansão da aliança de segurança da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para o leste são parte indissociável do problema.
Além disso, Pequim manteve o comércio normal tanto com a Rússia quanto com a Ucrânia, agindo com cautela diante das possíveis consequências das sanções.
As importações chinesas da Rússia subiram 56,3%, para US$ 9,7 bilhões (cerca de R$ 52,8 bilhões) em junho, aumentando pelo quinto mês consecutivo desde o início da operação militar.