"O inverno do descontentamento está se aproximando […] O racionamento da produção e o fechamento de empresas podem se tornar uma nova realidade", escreve a colunista na publicação.
Normalmente os países europeus preenchem as suas instalações subterrâneas de armazenamento de gás nos meses de verão, do Hemisfério Norte, mas neste momento as perspectivas de fornecimento de gás para o continente são muito incertas, salienta o artigo.
Cristina Lu chama atenção para o fato de na Europa já se estar criando um ambiente de descontentamento. Assim, os últimos meses têm sido marcados por uma onda de greves no continente por as famílias não conseguirem suportar o fardo do alto custo de vida e da pressão inflacionista.
A jornalista acredita que a crise energética afetou de forma mais severa a Alemanha, que hoje em dia tem de introduzir múltiplas medidas de austeridade na esfera de energia, incluindo o racionamento da água e o fechamento das piscinas.
"A Europa precisa muitíssimo de pôr fim à sua dependência do gás russo. Mas só será possível fazê-lo em um prazo superior a três-cinco anos. Os projetos de gás não se implementam de forma tão rápida", afirmou o especialista em energia James Henderson.
Os líderes europeus continuam procurando novas fontes de energia, ao tentarem garantir volumes de fornecimento suficientes, mas só podem contar com um inverno ameno, diz a publicação.
"O pior cenário seria quando as pessoas no inverno enfrentarem a escolha entre comer ou aquecer as suas casas", conclui a colunista.
A Alemanha, tal como os outros países ocidentais, tem sofrido com a alta dos preços de energia e aumento da inflação devido às sanções contra Moscou e à linha da União Europeia para substituir o combustível russo por combustível de outros mercados. Após o aumento dos preços do combustível, sobretudo do gás, a indústria alemã perdeu em grande parte suas vantagens competitivas, o que também afetou outras esferas da economia alemã, a maior do bloco europeu.
A agência de notícias Bloomberg e o jornal Financial Times comunicaram que a Comissão Europeia está preparando recomendações para os países da UE em caso de interrupção do fornecimento do gás russo. Segundo as informações obtidas, o organismo executivo do bloco propõe, entre outras medidas, reduzir o aquecimento central e refrigeração, dar novo impulso ao desenvolvimento das energias renováveis e adiar o fechamento das usinas nucleares para reduzir o consumo de gás.