O Irã é tecnicamente capaz de produzir uma bomba nuclear, mas nenhuma decisão política sobre essa opção foi tomada, disse o conselheiro sênior do líder supremo do Irã, Kamal Kharrazi.
"Em poucos dias, conseguimos enriquecer urânio em até 60% e podemos facilmente produzir urânio enriquecido em 90%", disse Kharrazi à Al Jazeera, neste domingo (17).
A revelação bombástica vem logo depois que o presidente dos EUA, Joe Biden, prometeu que Washington vai fazer de tudo para impedir que Teerã obtenha armas nucleares. A promessa foi feita durante a visita de Biden a Israel no início desta semana, quando o presidente dos EUA e o primeiro-ministro israelense Yair Lapid assinaram uma declaração conjunta sobre a continuidade da parceria estratégica entre os dois países. Entre outras coisas, Washington prometeu "nunca permitir que o Irã adquira uma arma nuclear", confirmando que "está preparado para usar todos os elementos de seu poder nacional para garantir esse resultado", segundo a declaração.
Embora o Irã tenha sustentando por muito tempo que nunca procurou desenvolver armas nucleares, o país aumentou suas atividades nucleares nos últimos anos. A expansão gradual do programa nuclear seguiu a decisão de 2018 do então presidente dos EUA, Donald Trump, de se retirar unilateralmente do acordo nuclear de 2015 com o Irã.
Desde então, o acordo histórico, oficialmente conhecido como Plano Abrangente de Ação Conjunta (JCPOA, na sigla em inglês), desmoronou e Washington acabou reimpondo sanções antigas e aplicando novas a Teerã. O Irã, por sua vez, suspendeu gradualmente suas obrigações sob o JCPOA, instalando novos equipamentos de enriquecimento de urânio e aumentando a produção de material radioativo.
Os esforços para reviver o acordo não deram resultado até agora. EUA e Irã continua, culpando um ao outro pela falta de progresso nas negociações. Teerã sustenta que é responsabilidade de Washington retornar ao acordo original e suspender as sanções por completo, enquanto autoridades dos EUA alegaram que o Irã vem levantando novas demandas durante as negociações do JCPOA.