Panorama internacional

UE não consegue substituir gás russo se Nord Stream 1 permanecer fechado, alerta especialista

A União Europeia (UE) não será capaz de substituir totalmente o gás natural russo nos próximos anos se Moscou mantiver seu principal gasoduto para a Alemanha fechado, disse Damien Ernst, especialista da indústria de energia, à Sputnik nesta terça-feira (19).
Sputnik
A Rússia cortou o fornecimento do Nord Stream 1 para a UE e colocou o gasoduto em manutenção neste mês, depois que o Canadá se recusou a devolver uma turbina reparada à Gazprom.
Ontem (18) o país anunciou que devolveu a turbina à Alemanha.
A manutenção deve terminar na quinta-feira (21), mas a Comissão Europeia anunciou que estava se preparando para o pior cenário possível, de um corte de gás integral no caso de o gasoduto não reiniciar a operação.
Ernst, professor do Departamento de Engenharia Elétrica e Ciência da Computação da Universidade de Liège, na Bélgica, sugeriu que o braço executivo da UE quer estimular os Estados-membros a se prepararem para o racionamento de energia neste inverno.

"A Europa brinca de se assustar dizendo que não podemos ter certeza de que a Rússia vai relançar o gasoduto após a manutenção. A UE ou a Alemanha tem informações precisas? Ninguém sabe. Também é uma desculpa para preparar os europeus para o racionamento", apontou.

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Ernst alertou que a UE não seria capaz de substituir totalmente as entregas russas via Nord Stream 1 nos próximos anos.
O bloco precisaria ainda montar uma infraestrutura de gás natural liquefeito (GNL), construindo terminais e centenas de ramais transportadores, além de investir na extração nos países produtores.
Enquanto isso, os preços proibitivos não permitirão que ela dependa dos mercados de pagamento imediato.

"Basta ver os preços astronômicos no mercado de pagamento imediato para perceber o problema. O preço do metro cúbico de gás aumentou 400%. E todos esses produtores alternativos não podem compensar agora os 155 bilhões de metros cúbicos entregues anualmente pela Rússia. Eu acredito que levará cerca de quatro anos para a Europa sair de sua dependência do gás russo", calculou.

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A Alemanha, por exemplo, não possui terminais de GNL, e suas reservas caíram em junho, apesar dos esforços para reduzir o consumo.
A gigante de energia alemã Uniper ativou sua última linha de crédito, no valor de US$ 2 bilhões (R$ 10,8 bilhões), aguardando um plano de resgate do Estado para compensar as quedas no gás russo.

"Impossível de se fazer sem o gás russo no estado atual das coisas. E não são apenas a Alemanha e os países da Europa Central que estão presos. Itália ou França serão afetadas pelo rebote. Apesar dos discursos de unidade na Europa, podemos temer um 'cada um por si' neste outono", alertou o especialista.

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Em 24 de fevereiro, a Rússia lançou uma operação militar na Ucrânia depois que as repúblicas populares de Donetsk (RPD) e Lugansk (RPL) pediram ajuda para se defenderem das forças ucranianas.
O Ministério da Defesa da Rússia informou que a população civil não está em perigo e que as Forças Armadas do país miram apenas a infraestrutura militar ucraniana.
Em resposta, os Estados Unidos e seus aliados lançaram sanções abrangentes contra a Rússia e aumentaram a assistência militar à Ucrânia, enviando também armas letais. Moscou tem alertado repetidamente seus pares ocidentais contra a provocação de uma guerra maior.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que quaisquer remessas para a Ucrânia contendo armas letais podem ser tratadas como um alvo legítimo.
Dmitry Peskov, porta-voz de Vladimir Putin, presidente da Rússia, ecoou essas declarações, acrescentando que o fluxo contínuo de armas ocidentais dirigidas à Ucrânia está dificultando o processo de negociação.
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