O ex-secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger afirmou que a geopolítica de hoje exige "a flexibilidade dos tempos de Nixon" para ajudar a desanuviar os conflitos entre os EUA e a China, bem como entre a Rússia e o resto da Europa.
Segundo a agência de notícias Bloomberg, ao admitir que a China não deve estabelecer a sua hegemonia global, a figura que contribuiu muito para recuperar as relações entre os Estados Unidos e a China nos anos 1970 disse que seria melhor o atual presidente norte-americano, Joe Biden, não deixar a política interna interferir com "a importância de entender o caráter permanente da China".
"Biden e as administrações anteriores têm sido influenciados demais pelos aspetos internos da visão da China", cita a Bloomberg as palavras de Kissinger, que atualmente tem 99 anos, que o ex-diplomata pronunciou na terça-feira (19) em uma entrevista organizada pelo editor-chefe da Bloomberg News, John Micklethwait.
"Claro que é importante prevenir a hegemonia da China ou de qualquer outro país. Mas isso não é algo que possa ser conseguido através de confrontos sem fim", salientou Kissinger em outra entrevista, preparada por Intelligence Squared US e How to Academy.
Anteriormente, Kissinger afirmou que as relações hostis entre os EUA e a China representam para o mundo "uma catástrofe global comparável com a Primeira Guerra Mundial".
O ex-presidente dos Estados Unidos Richard Nixon conduziu sua campanha eleitoral nos anos 1960 como um anticomunista convicto, mas no final surpreendeu os seus simpatizantes, tendo decidido recuperar as relações com a China, liderada por Mao Tsé-Tung, e visitar Pequim em 1972 no âmbito de uma viagem que acabou sendo uma virada histórica nas relações dos dois países.