Durante a coletiva, os procuradores do MP mostraram imagens das câmeras de segurança para reconstituir o episódio. Os promotores destacaram que Guaranho, apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), ficou sabendo que Arruda realizava uma festa de aniversário com temática do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e foi ao local para provocar os presentes.
"Inconformado com a explícita apologia ao principal adversário [Lula] do pré-candidato de sua preferência [Bolsonaro], da janela de seu veículo [Guaranho] dá início ao enredo macabro com provocações", disse o promotor Luís Marcelo Mafra Bernardes da Silva ao relatar a primeira parte da reconstituição do crime.
O MP destacou que nesse momento Guaranho gritou "Lula ladrão", "Bolsonaro mito" e "Aqui é Bolsonaro". Após discussão com Arruda, Guaranho foi embora prometendo que voltaria.
O policial penal retornou ao local armado gritando "Aqui é Bolsonaro" e deu dois tiros contra Marcelo Arruda. Segundo o MP, no momento dos disparos, Guaranho gritou "petista vai morrer tudo".
Em razão disso, o Ministério Público pediu o indiciamento de Jorge Guaranho por homicídio duplamente qualificado por crime de motivação fútil por preferência política e perigo comum.
A versão do MP contraria, em partes, a da Polícia Civil. Os promotores reforçaram o componente político do crime.
Arruda chegou a realizar disparos contra o acusado, os quais foram classificados como legítima defesa pelos promotores.
O MP ainda aguarda a finalização de laudos periciais realizados pela Polícia Civil. A denúncia foi apresentada antes da conclusão deles porque os laudos são demorados e o não oferecimento da denúncia poderia provocar a soltura do réu, que está em prisão preventiva.
"Os laudos são complexos e demorados, demandam tempo para serem confeccionados. O MP entendeu por bem oferecer a denúncia antes da conclusão dos laudos, que não são imprescindíveis", disse o promotor Tiago Lisboa Mendonça.