Apesar do apetite reprimido por energia em meio à desaceleração econômica, a China vem absorvendo mais gás natural russo neste ano.
Nos primeiros seis meses do ano, a China comprou um total de 2,35 milhões de toneladas de gás natural liquefeito (GNL), mostraram dados alfandegários chineses apresentados pelo jornal South China Morning Post.
O produtor estatal, que entrega gás sob um contrato de longo prazo com a China National Petroleum Corporation, disse anteriormente que o fornecimento de gás russo à China aumentou 63,4% no primeiro semestre de 2022.
Isso significa que a Rússia ultrapassou a Indonésia e os Estados Unidos para se tornar o quarto maior fornecedor de GNL da China até agora neste ano, sendo que o valor do produto subiu 182%, de acordo com os cálculos das autoridades chinesas, no último ano.
"O aumento do GNL russo pode ser um deslocamento de cargas para o Japão ou para a Coreia do Sul por causa de sanções ou uma demanda mais fraca por lá", disse Michal Meidan, diretor do programa de energia da China no Instituto Oxford para Estudos de Energia.
Dados da alfândega chinesa mostraram que o valor da importação de gás natural da Rússia quase triplicou no primeiro semestre do ano, para US$ 1,66 bilhão (R$ 9,12 bilhão).
A estatal russa Gazprom anunciou que seus suprimentos diários para a China através do gasoduto Power of Siberia (Poder da Sibéria) atingiram um novo recorde histórico na terça-feira (19), quebrando o recorde anterior, estabelecido apenas dois dias antes.
"Atualmente a Gazprom realiza o fornecimento de gás acima dos volumes diários contratuais", disse a empresa em comunicado.
A China importa mais da metade do gás natural que consome, com cerca de dois terços na forma de GNL, embora a demanda tenha caído acentuadamente neste ano em meio a ventos econômicos contrários.
O presidente russo, Vladimir Putin, assinou em fevereiro uma série de acordos de petróleo e gás com o líder chinês, Xi Jinping, que somam cerca de US$ 117,5 bilhões (cerca de R$ 589 bilhões).
Isso significa, na prática, um incremento de 10 bilhões de metros cúbicos de gás por ano através do novo gasoduto Power of Siberia 2 (Poder da Sibéria 2) — que vai da ilha de Sacalina, no Extremo Oriente Russo, até a província de Heilongjiang, no nordeste da China.
Vale lembrar que as importações da Rússia serão reforçadas com a construção do gasoduto Soyuz Vostok — que vai da Rússia à China via Mongólia — o que aumentaria para 50 bilhões de metros cúbicos o gás canalizado para a China todos os anos.