Em um artigo de opinião publicado no jornal Le Figaro, Olivier de Maison Rouge traçou uma relação entre as restrições econômicas impostas pelos EUA e seus aliados na Europa à Rússia e a política de sanções que foi feita pelo imperador Napoleão Bonaparte, em 1806, contra os ingleses.
"Ao impor sanções à Rússia, a Europa teve que lembrar as consequências devastadoras do bloqueio continental da Inglaterra, estabelecido por Napoleão em 1806".
"Os efeitos do bloqueio se mostraram contraproducentes, pois as matérias-primas e as máquinas-ferramentas eram escassas e as vendas fora da Europa nunca foram substituídas", diz o texto.
Segundo o especialista, o Império Britânico, isolado dos mercados europeus, foi obrigado a estabelecer comércio com parceiros ultramarinos, o que posteriormente beneficiou o país. A França, por outro lado, desistiu de sua posição como potência marítima, permitindo que os EUA crescessem.
Olivier de Maison Rouge observou que, em se tratando das restrições econômicas contra a Rússia, "o rublo se valorizou e a Europa notou o alto nível de dependência das matérias-primas russas. Isso significa que as sanções econômicas se voltam contra seus autores?".
Ao longo do artigo, o especialista defende a tese de que as sanções tiveram um impacto maior nos países europeus do que na Rússia.
Ele relembrou que, pelo decreto de Napoleão, qualquer barco que ancorasse em um porto britânico, "qualquer que fosse sua nacionalidade, estaria hasteando a bandeira britânica e, portanto, estaria suscetível de ser confiscado pela administração aduaneira".
Arco do Triunfo em Moscou, monumento em comemoração à vitória da Rússia sobre as tropas de Napoleão em 1812
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/ Conforme avançou o império francês com as vitórias napoleônicas, a disposição foi estendida aos territórios conquistados. Napoleão, escreve o especialista, "queria proibir todos os produtos britânicos de Lisboa a São Petersburgo".
Em um primeiro momento, as sanções tiveram efeito sobre a economia britânica. Entretanto "os efeitos do bloqueio se mostraram contraproducentes", principalmente quando houve escassez de matéria-prima.
Enquanto isso, "a Inglaterra soube forjar uma economia voltada para outros horizontes (em particular a América Latina) e estabelecer seu poder marítimo contra o continente, criando para si novas saídas".