Nesta sexta-feira (22), o chefe da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, disse em entrevista ao El País que "o programa nuclear iraniano está avançando a galope e temos muito pouca visibilidade".
"O resultado é que por quase cinco semanas tive uma visibilidade muito limitada, com um programa nuclear que está galopando pela frente e, portanto, se houver um acordo, será muito difícil para mim reconstruir o quebra-cabeça desse todo o período de cegueira forçada. [...] Não é impossível, mas vai exigir uma tarefa muito complexa e talvez alguns acordos específicos", declarou Grossi.
O chefe da agência nuclear da ONU também declarou que "[...] isso não implica que o Irã esteja fabricando uma arma nuclear, mas nenhum país que não tenha desenvolvimentos bélicos enriquece [urânio] no nível de 60%".
Em junho, Teerã começou a remover essencialmente todos os equipamentos de monitoramento da agência instalados pelo acordo nuclear de 2015 com as potências mundiais. Grossi disse na época que isso poderia ser um "golpe fatal" nas chances de reviver o acordo após a retirada de 2018 dos Estados Unidos.
"Hoje, o que temos é um programa nuclear que cresceu enormemente, muito além do que era em 2015. [...] Portanto, estamos em uma situação muito complicada, porque o Irã não só avança decisiva e rapidamente, mas concomitantemente reduz a visibilidade da AIEA sobre todas essas áreas", afirmou.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, foi citado nesta sexta-feira (22) dizendo que seu país e Washington estavam muito próximos de um acordo para reviver o acordo de 2015, mas que o país persa precisava de garantias dos EUA para evitar ser "mordido duas vezes", segundo a Reuters.
"Temos um texto pronto à nossa frente e concordamos em mais de 95% a 96% de seu conteúdo, mas ainda há uma falha importante nesse texto: precisamos obter todos os benefícios econômicos do acordo. quero ser mordido duas vezes", disse Amirabdollahian citado pela agência.
Questionado sobre uma reportagem da Reuters de que o Irã estava aumentando ainda mais seu enriquecimento de urânio com o uso de máquinas avançadas em sua fábrica subterrânea de Fordow, Grossi disse que "o progresso técnico do programa iraniano é constante".