"A Hungria não deve ter ilusões de que seremos capazes de influenciar a estratégia do Ocidente. No entanto, para nós é uma questão de honra e moral afirmar nossa posição de que é necessária uma nova estratégia, cujo objetivo é a paz e a formulação de uma boa proposta de paz. A tarefa da UE não é tomar o lado de alguém, mas de ficar entre a Rússia e a Ucrânia", disse Orbán, ao discursar na cidade romena de Baile Tusnad.
"A estratégia do Ocidente é como um carro com pneus furados em todas as quatro rodas [...] As sanções não abalaram Moscou. A Europa está em apuros, econômica e politicamente, quatro governos já foram vítimas: o britânico, o búlgaro, o italiano e o estoniano. As pessoas vão enfrentar aumentos acentuados de preços [...] E a maior parte do mundo também não nos apoiou abertamente, a China, Índia, Brasil, África do Sul, o mundo árabe, a África – todos se distanciaram deste conflito, estão lidando com os seus próprios assuntos", destacou.
"É muito provável que esta guerra ponha abertamente fim à hegemonia ocidental, hegemonia que foi capaz de criar de maneiras diferentes, em certos casos, de unir o mundo contra alguém... E que breve uma nova ordem mundial multipolar bata à nossa porta", disse o chefe de governo da Hungria.
"Quando falamos da guerra, surge uma questão importante: o que fazer? [a pergunta foi pronunciada por Orbán em russo]. Não haverá negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia. Quem as espera, fá-lo em vão. A Rússia quer garantias de segurança, por isso só negociações entre a Rússia e os Estados Unidos podem acabar com a guerra. Até serem organizadas negociações entre a Rússia e os EUA, não haverá paz. Nós, europeus, não podemos ser mediadores nisso, já que perdemos a nossa oportunidade. Perdemo-la quando, depois da Crimeia em 2014 [trata-se da reunificação da Crimeia com a Rússia], a França e a Alemanha assumiram compromissos conforme os acordos de Minsk [tratado que previa o cessar-fogo na Ucrânia Oriental]. Infelizmente, não conseguimos garantir a realização dos acordos. Assim, os russos já não querem conduzir negociações conosco", confessou o político.